Vida a bordo: conheça os bastidores dos navios de cruzeiro
O Ministério do Turismo embarcou no Costa Favolosa e no MSC Preziosa para mostrar os benefícios econômicos e as opções de lazer que estas cidades flutuantes oferecem
“Estava na praia e chegou um cruzeiro. Fiquei pensando em como deve ser ver o mundo, a terra, as cidades do outro lado. Fiquei com esta curiosidade. E depois de um tempo comecei a trabalhar num navio”. O fascínio que certa vez uma embarcação provocou no italiano Stefano Di Noia, hoje diretor de hotelaria do Costa Favolosa, é compartilhado por milhares de pessoas. Não é à toa. Apenas nesta embarcação onde ele trabalha hoje, são 290 metros de comprimento, outros 35 de largura e 11 andares acima do nível da água flutuando pelos mares, carregando 3,7 mil passageiros e 1,1 mil tripulantes.
Mas o título de maior cruzeiro navegando na costa brasileira este ano fica com o MSC Preziosa, que tem 18 andares e 333 metros de extensão, e é capaz de transportar 4,4 mil passageiros e 1,3 mil tripulantes. “A quantidade de gente trabalhando, de atrativos e de opções, além do número de gente se divertindo me surpreendeu. Estou muito satisfeita e pretendo retornar”, se impressionou a advogada Margareth Peixoto, de Uberlândia (MG).
Na temporada de 2017/ 2018 são sete navios fazendo 124 roteiros pelo país. Cidades como Recife, Maceió, Salvador, Ilhéus (BA), Rio de Janeiro, Ilha Grande (RJ), Búzios (RJ), Angra dos Reis (RJ), Ilhabela (SP), Ubatuba (SP), Santos (SP), Camboriú (SC) e Porto Belo (SC) são algumas das beneficiadas economicamente com este tipo de turismo.
“A injeção de recursos na economia local é muito grande. Quase quatro mil pessoas descem em Ilhéus entre passageiros e tripulantes. Eles deixam em torno de R$ 1,2 milhão por parada. Ao término da temporada são mais de R$ 20 milhões gerados na economia local”, calcula Alfredo Landim, agente de viagem da cidade na região cacaueira da Bahia.
O abastecimento do navio para o período de uma semana obedece a uma escala industrial. São 35 carretas de mantimentos: 30 mil ovos; 10 mil kg de farinha de trigo; 70 mil garrafas de água; 20 mil refeições diárias; 10 mil kg de carnes; 6 mil kg de pescado e; 10 a 15 mil kg de frutas. “Quando o navio chega no Brasil mudamos o cardápio. Temos arroz e feijão diariamente, além de pizza. Compramos a maioria dos nossos produtos de fornecedores daqui. Vamos injetar cerca de R$ 70 milhões em compras do mercado brasileiro nessa temporada”, projeta o diretor de alimentos e bebidas da MSC, o italiano Marcos Brogna.
O total dos impactos econômicos diretos, indiretos e induzidos na temporada 2016/ 2017 foi de R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 752 milhões gerados pelos gastos das armadoras e R$ 855 milhões pelos turistas e tripulantes nas cidades portuárias.
Crédito: Danilo Borges/ MTur
EMPREGO E RENDA - Os empregos indiretos vão desde os motoristas de ônibus que fazem as excursões nos locais de parada do navio, os guias de turismo, as equipes portuárias, até aqueles gerados nos restaurantes, bares e lojas. “O impacto de quando o navio vem para a costa brasileira é muito grande, não apenas na parte comercial, mas na vida das pessoas ao redor dos portos. E ter uma tripulação brasileira é importante porque ela se identifica com os hóspedes a bordo. Hoje em dia, esta tripulação está mais preparada quando chega o navio”, elogia o chef executivo do Costa Favolosa, Luigi Leontini.
Na última temporada, o setor de cruzeiros marítimos gerou 25.279 postos de trabalho no Brasil, sendo quase dois mil tripulantes, como a garçonete Renata Carvalho, do MSC Preziosa, há nove anos na empresa. “Financeiramente a vida a bordo compensa. Você tem condições de guardar dinheiro. Eu não tenho rotina e gosto muita da temporada brasileira que tem oportunidade de gerar renda e emprego para as pessoas daqui”, afirma a cearense que chega a ficar até 11 meses longe de casa.
Crédito: Danilo Borges/ MTur
DESTINOS – Nesta temporada, a estimativa é de 15% de crescimento no número de cruzeiristas no país, que teve 358 mil passageiros em 2016/ 2017 e deve ter 439,7mil agora. Um turismo que permite conhecer diversos destinos em um único passeio. “Você tem a possibilidade de acordar a cada dia em um cenário diferentes e fazer passeios maravilhosos. Cada parada é um paraíso. Os turistas ficam encantados e depois voltam aqui de férias por vários dias”, exalta Deise Rego, empresária de Ilha Grande.
Às vezes, os cruzeiros marítimos transportam mais gente que a população do destino turístico visitado. “Eu acredito firmemente que os cruzeiros marítimos são excelentes opções para alavancar o turismo que é tão importante para a economia do Brasil. Precisamos de um bom porto de embarque ou desembarque, além de segurança e conforto para receber bem os turistas. O resto da infraestrutura nós temos pronta. Oferecemos ao mesmo tempo transporte, hotelaria e somos um destino completo de férias”, explica Adrian Ursilli, diretor geral da MSC no Brasil.
Renê Hermann, diretor presidente da Costa Cruzeiros na América do Sul, enumera as vantagens deste tipo de viagem, ao mesmo tempo que alerta os destinos: “O turista deve escolher um passeio de cruzeiro, porque ele é completo. Quem compra o passeio tem as refeições, visita cinco, seis cidades sem ter que abrir ou fechar a mala. Ele vai para destinos onde ele não conhece e ali ele vai saber se vai poder voltar e ficar sete dias ou não aparecer mais. É o que a gente diz para os destinos, quanto melhor você atender este passageiro, mais vezes ele virá aqui para ficar mais tempo”.
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