Vida de carpa
A morte das belas carpas foi efeito de um capricho, e as moedas manchadas pelo sangue dos pobres peixinhos foi para a Igreja evangélica caça-níquel, como um ato/símbolo de poder incomensurável
Michelle Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
Morrer sem oxigênio, uma sensação terrível: “As carpas do Lago do Palácio em Brasília, sentiram dor ao morrer, depois que foram retiradas compulsoriamente do local”. Os peixes foram retirados do local, que fora esvaziado. E o fato verídico só veio a público agora, é pesaroso, que tantos óbitos desnecessários tenham ocorrido sob a égide do governo anterior.
“A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro teria ordenado que o responsável por coordenar os trabalhos na residência, o pastor Francisco de Assis Castello Branco esvaziasse o espelho d’água localizado em frente ao Palácio do Alvorada para que as “moedas da sorte” acumuladas no fundo dele fossem retiradas. Na execução do processo, todas as carpas morreram.
Turistas costumam jogar moedas no espelho d’água do palácio presidencial como forma de tradição. Acredita-se que o gesto traz sorte.
Segundo a reportagem publicada na sexta-feira (3) na coluna de Rodrigo Rangel, no Metrópoles, Michelle mandou que o espelho d’água fosse esvaziado, as carpas acabaram morrendo”
A morte das belas carpas foi efeito de um capricho, e as moedas manchadas pelo sangue dos pobres peixinhos foi para a Igreja evangélica caça-níquel, como um ato/símbolo de poder incomensurável. E fazendo coro com Hildegard Angel digo: “Foram-se as carpas, ficou para a História o registro macabro”
Nosso Brasil foi devastado: nossos indígenas, nossos ecossistemas, nossos trabalhadores, nosso povo, foi vítima de tantas amarguras, e óbitos.
Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito de novo, e pela terceira vez. E após 30 dias decorridos após sua posse: seu governo já fora atacado ferozmente , em especial no dia 08 de janeiro de 2023, quando as sedes do poderes foram alvejadas por uma massa vilipendiadora, que intentou dar um golpe antidemocrático contra a gestão eleita no Brasil. Brasil, um país que tem um dos menores salários mínimos do mundo, segue esperançoso por dias e salários melhores, com a governabilidade do estadista Lula.
Resistimos mais uma vez, e agora as últimas notícias são de que havia mesmo uma articulação séria e golpista para desmontar a preferência da população por uma mudança de ares no campo político partidário, já que o morticínio de gente durante a pandemia; e também outras formas nefastas de depreciação de seres humanos foram impregnando a ambiência nacional. A Revolução é simplesmente transformação, e votar em Lula, no pleito de 2022, fora um apelo para que o status-quo estabelecido neste gigante Brasil pudesse começar a ser mudado. Passamos quatro anos estagnados e fadados à uma maldição, que desejava uma privatização geral, aliada à um desprezo a “Coisa pública” e tudo em seu entorno.
Quem não preserva a vida da fauna e da flora, não poderá salvar povos originários, nem tampouco, os trabalhadores de um país. Agora já podemos dizer que muita gente teve sim, um destino de carpa palaciana, quando morreram com falta de ar, durante o auge da COVID-19, especialmente no episódio ocorrido em janeiro de 2021 (altamente negligente), em Manaus.
#ValReiterjornolismohistórico
Valéria Guerra Reiter
Escritora, historiadora, atriz, diretora teatral, professora e colunista
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