Vírus ateu ou agnóstico!
Cristianismo, Islamismo e Judaísmo fecharam ou isolaram suas igrejas, mesquitas e sinagogas. Esse vírus não segue religião
Com relação ao Coronavírus ou Covid-19 só uma certeza se pode ter: trata-se de um vírus ateu ou agnóstico, uma vez que despreza todas as “comemorações religiosas” dos humanos e, indiferente a qualquer situação de fé ou crença, infecta a todos os que tiverem contato com ele. Da Terra Santa aos confins da Ásia, da Oceania e das Américas o ser microscópico não tomou conhecimento de religião nem de nada. No Vaticano sequer respeitou as palavras “santas” do papa Francisco. Se não houver quarentena e distância desse perigoso ser, o contágio é quase certo. Padres, pastores, bispos, papa, califas, sultões, aiatolás, rabinos e tantos outros religiosos mundo afora são vistos usando máscaras para evitar o contato. Cristianismo, Islamismo e Judaísmo fecharam ou isolaram suas igrejas, mesquitas e sinagogas. Esse vírus não segue religião.
No Brasil e também no mundo inteiro, de certa forma deu um xeque-mate nos religiosos. Os pastores evangélicos do nosso país, conhecidos pela sua “capacidade de curar doenças” dos fiéis e dos seus seguidores, foram desmascarados publicamente pela agressividade do Coronavírus, que não respeitou nenhum deles. A Santa Sé e o atual papa de plantão também foram a nocaute. Missas celebradas pelo mundo somente para as fotografias dos fiéis coladas nos bancos de igrejas totalmente vazias. Não fosse a televisão, a internet e as redes sociais os religiosos seriam como São João Batista pregando no deserto. Missa de ramos, sem ramos. E também sem ninguém presente. Procissões, missas e cultos, que antes juntavam milhares e até milhões de pessoas, são feitas hoje pelas ruas e avenidas vazias de muitas cidades igualmente vazias. Um tédio.
Sem a presença de pessoas, a religião perde todo o sentido. Não há para quem se pregar. Nem para quem se anunciar a “verdade”. Religião é a religação do Criador com a criatura. E sem criatura, não se religa. Mas o vírus não quer saber de nada disto. Daí a pergunta: de onde surgiu este ser apocalíptico e sinistro que teima em mudar a realidade do mundo e da fé? É uma criação de Deus ou é a própria natureza dando uma resposta ao homem pelas agressões sofridas durante tanto tempo? A enchente histórica do rio Madeira há seis anos, os incêndios na Austrália no ano passado, a devastação da Amazônia e do Cerrado nas últimas décadas, o grito dos oceanos inundados de plásticos e poluídos com outras sujeiras, a extinção de várias espécies e o aparecimento de muitas doenças “já erradicadas” não seriam sinais de algo errado? E ninguém percebeu isto?
O fato é que com religião ou sem ela, com fé, crença, Bíblia, Alcorão, rezas, Torá, orações ou também sem isso, o vírus chegou e indiferente a tudo, tomou conta do mundo todo. Muitos acreditam que só a pesquisa, o conhecimento e a ciência é que podem deter ou diminuir esta terrível ameaça que paira sobre nós. Alguns, nem nisso creem: a “coisa” chegou, infectou, fez todo o seu ciclo natural e cairá fora quando achar necessário e sem a interferência humana. Já outros dizem que será o próprio vírus, que tendo dó e piedade da pequenez humana, ele mesmo dará uma trégua a esse sofrimento. Hoje no Brasil já temos quase mil mortes e pelo menos uns 20 mil infectados. O mundo tem, de acordo com estatísticas otimistas, 1,6 milhão de infectados e mais de cem mil mortes. E os números só aumentam. O pico mundial da hecatombe ainda não chegou e muitos óbitos ainda serão contabilizados. E nem precisa rezar ou orar: esse vírus é ateu.
*Foi Professor em Porto Velho.
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