Vitrine de Paraty, Flip pode atrair até 20 mil pessoas para a cidade
O prefeito da cidade, Casé Miranda, acredita que mesmo que o Festival da Cachaça ou a Festa do Divino concentrem mais visitantes, não há como comparar a divulgação que a festa literária produz.
Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa na quarta-feira (25), e, pela 16ª vez, a cidade vai ver seus restaurantes, hotéis e ruas cheias de leitores, escritores, críticos literários e outros trabalhadores da indústria do livro. Se o calendário da cidade já inclui festas que atraem mais público ou mais dinheiro que a Flip, nenhuma gera tanta divulgação para a cidade litorânea do sul fluminense, onde o turismo ocupa uma fatia de 70% a 80% da economia.
O prefeito da cidade, Casé Miranda, acredita que mesmo que o Festival da Cachaça ou a Festa do Divino concentrem mais visitantes, não há como comparar a divulgação que a festa literária produz."A gente tem muito a agradecer por essa visibilidade. Isso também é uma questão econômica, uma mídia espontânea que a gente não tem nem como mensurar o tamanho do valor", diz o prefeito, ao lembrar que a cidade tem mais de um século de tradição na realização de eventos. "A Flip veio ser a joia da coroa. É um evento importante, de grande visibilidade nacional e até fora do Brasil e veio para melhorar a qualidade de todos os eventos em Paraty".
Para 2018, a expectativa de Paraty é que entre 15 e 20 mil pessoas visitem a cidade para participar da festa. O Festival da Cachaça, que ocorre este ano entre 16 e 19 de agosto, chega a concentrar o dobro disso, segundo o prefeito, mas o perfil do turista que chega com a Flip é de um poder aquisitivo muito maior.
Presidente do pólo gastronômico da cidade, Edson Moura conta que a expectativa do setor é dobrar seu faturamento normal nos dias da Flip. Dono de um restaurante no centro histórico, o empresário vai pagar horas extras a seus profissionais para estender o horário e reforçar a equipe para atender à demanda.
"O público do Festival da Cachaça é mais regional, das cidades vizinhas como Angra e Ubatuba. É um público que vem para beber a cachaça e ir embora. O público da Flip vem para usufruir de toda a oferta turística de Paraty".
Neste ano, o restaurante de Edson, o Moura Empório, vai fazer parte de um circuito gastronômico e literário, em que o cardápio incluirá pratos típicos de outras nacionalidades acompanhados de obras de autores desses países. Ele conta que os restaurantes estão se organizando para atrair o público no contexto de economia desaquecida e crise.
"Estamos pensando em promoções e praticamente não houve aumento de preço. Outro meio que estamos buscando é fazer parcerias com a secretarias de cultura e de turismo".
Há alguns anos, a movimentação trazida pela Flip gerou uma programação paralela que toma conta de casarões de Paraty com discussões e festas que passaram a ser conhecidas como Off-Flip. Em 2018, parte dessa programação é considerada parceira do evento, que terá um número recorde de espaços alternativos de discussão da literatura. A curadora da Flip, Josélia Aguiar, conta que o recorde de 20 casas parceiras é positivo e que muitas vezes os assuntos das mesas principais ganham desdobramentos interessante nos palcos alternativos.
"O crescimento dessas casas parcerias potencializa muito a Flip. Quanto mais casas parceiras e programações, melhor, porque a Flip acaba se transformando em um grande happening [acontecimento]. Um lugar onde todo mundo vai querer estar".
A visibilidade que a Flip atrai também é uma oportunidade para que reivindicações sociais busquem espaço. Integrante do grupo caiçara Trindade Vive e do Movimento Jovem Bom é Jovem Vivo, Davi Paiva participou do Ocupa Flip, há dois anos, quando uma manifestação percorreu ruas da cidade e cartazes foram expostos no Centro Histórico para denunciar episódios de violência e o homicídio.
Neste ano, o grupo busca uma forma de pautar a discussão da segurança pública na cidade e fez um levantamento de homicídios que aponta um crescimento de 130% nos últimos dez anos. Desde 2014, a cidade de 40 mil habitantes teve em média 30 homicídios por ano e, grande parte das vítimas são jovens de 18 a 29 anos.
"É um problema que era mais localizado em dois bairros e hoje a gente vê ocorrendo também nas comunidades tradicionais", conta Davi, que pede atenção das autoridades para a segurança em Paraty. "Nossa expectativa é meio decepcionante, porque é tentar de alguma forma mostrar um pouco do que está acontecendo em Paraty".
A segurança também está no radar da prefeitura, e Casé Miranda afirma que vem conversando com o comandante do Batalhão de Polícia Militar da área e com o delegado titular da Delegacia de Polícia Civil. Neste ano, guardas municipais devem policiar o centro histórico de moto para melhorar a movimentação nas ruas da cidade, que tem um calçamento de pedra bastante irregular.
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