Mais um ano do adeus a Teixeirão

Primeiro governador do Estado de Rondônia e que o transformou de Território em Estado, preparando a infraestrutura necessária, construiu as condições indispensáveis, inclusive institucionais, para a criação de uma nova unidade da federação

Dimis da Costa Braga
Publicada em 30 de janeiro de 2019 às 17:29
 Mais um ano do adeus a Teixeirão

Jorge Teixeira de Oliveira

Em 28 de janeiro de 2019, completou-se mais um ano de falecimento, aos 65 anos de idade, do inesquecível militar condecorado do Exercito Brasileiro, Coronel Jorge Teixeira de Oliveira.

Primeiro governador do Estado de Rondônia e que o transformou de Território em Estado, preparando a infraestrutura necessária, construiu as condições indispensáveis, inclusive institucionais, para a criação de uma nova unidade da federação, cumprindo à risca a missão recebida do Presidente da República. Isso, depois de ter sido Prefeito de Manaus que realizou uma verdadeira transformação naquela cidade, onde já tinha sido, antes de passar a reserva, o fundador do CMM - Colégio Militar de Manaus - e criador do CIGS, Centro de Instrução de Guerra na Selva.

Trata-se de duas importantes unidades do Exército Brasileiro: a primeira, escola de excelência, preparando crianças e jovens para a vida militar e civil; já o segundo, Centro de Treinamento de Guerra na Selva de reconhecimento internacional, que recebe regularmente e treina para o combate na selva militares de 26 nacionalidades, tendo sido visitado por comandantes militares de 50 países.

Hoje o CIGS se denomina Centro de Instrução Jorge Teixeira de Oliveira, em homenagem àquele cuja praça central abriga um busto do seu criador. O CMM, por sua vez, possui um memorial em homenagem ao seu primeiro comandante, professor de rara sensibilidade, assim como a cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, na casa que foi residência da família Teixeira.

Jorge Teixeira, que gostava de dizer que não era político, fez muito em seu governo de Manaus e em seus dois governos de Rondônia, mas foi sumariamente demitido por covardia de Sarney que, ao violar compromisso feito por Tancredo de manter Teixeira no cargo, o fez para cumprir exigência dos políticos rondonienses do PMDB, que somente nasceram e cresceram em Rondônia à sombra das realizações daquele a quem apunhalavam,numa traição típica das ervas daninhas que ainda hoje vicejam na região. Ele sempre será lembrado, já aqueles, foram esquecidos ou são lembrados por seus crimes e por sua inaptidão.

Sua imagem, usando o quepe de serviço dos paraquedistas, é cultuada entre os militares de toda a Amazônia para estar sempre na memória de cada soldado que serve nesta região, como exemplo a ser seguido na vida militar e civil, pública e particular. Já o brado de selva que criou no CIGS como forma de cumprimento entre os guerreiros, "SELVA!",  tornou-se o grito de guerra do soldado do exército Brasileiro na Amazônia. Que todos saibam que até esse legado foi Teixeira quem deixou.      

Há 32 anos, Teixeirão, como era conhecido em Manaus, Cel. Teixeira como era chamado em Rondônia, nos faz muita falta nestas paragens do poente e, mais ainda, à sua viúva, Sra. Aída Fibíger de Oliveira - residente na cidade do Rio de Janeiro -, e aos seus dois filhos, amigos e admiradores, que o conheciam pela capacidade administrativa, amizade sincera, fidelidade e honestidade.

Aliás, um de seus filhos era "filho do coração". Em mais uma prova da sensibilidade e humanismo dos Teixeira, o casal abrigara em sua casa, a pedido de seu único filho, um coleguinha de escola morador da Colônia dos Japoneses, zona rural de Manaus, e que não poderia continuar estudando se não tivesse uma casa em que pudesse morar na capital, com uma família de confiança. Essa criança, sem perder o contato e o amor pelos pais de origem japonesa, cresceu sob a proteção e na amizade daqueles que se tornariam também seus pais e irmão.

Seu amor pela Amazônia era enorme. Tão grande que, ao deixar a Prefeitura de Manaus sob intensas manifestações de apoio do povo, por tudo que fez pela cidade e por toda a região, mesmo magoado pela forma como os políticos locais embargaram seu nome para candidatar-se ao governo do Estado do Amazonas pelo partido de apoio ao governo, não titubeou em aceitar nova missão para não só governar o Território Federal de Rondônia, mas transformá-lo naquela que ele chamou a mais nova estrela no azul do Pavilhão Nacional. Ao acatar a missão, deixou para trás convite já aceito para dirigir importante órgão do governo federal no Ministério dos Transportes, em Brasília, qual era, claro, a preferência de dona Aída, desejosa de descansar de tantas labutas difíceis, até para que ele mesmo tivesse uma vida mais tranquila e cuidasse da saúde.

Porém, D. Aída não se fez de rogada, sabia que tinha ao seu lado um denodado soldado, cumpridor de missões: uma vez em Rondônia foi uma dedicada primeira-dama, assumindo a direção das atividades assistenciais com muito vigor e inteligência, liderando as ações do Pronav/LBA - Programa Nacional do Voluntariado da Legião Brasileira de Assistência e as demais ações ligadas à assistência social. Teixeira, teu nome estará para sempre gravado no coração dos rondonienses e manauaras, que reconhecem teus ingentes esforços em prol da soberania da Nação, do desenvolvimento regional e do bem-estar geral, dedicando os melhores anos de tua vida às unidades militares que criou e ao povo dessas duas importantíssimas regiões da Amazônia.

Merece, portanto, descansar em paz, esse grande estadista brasileiro, Jorge Teixeira de Oliveira

DESCANSAR! SELVA!

(* Dimis Braga é juiz federal e membro da Academia Rondoniense de Letras)

Comentários

  • 1
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    Jorge Luiz 31/01/2019

    Cheguei na época de ex território, cheguei a jogar vôlei com o coronel na vila, era pessoa excepcional, de uma disciplina sem igual, vontade de realizar de um coração que somente o conheceu sabe, a maior virtude era a simplicidade e humildade. A época fui engenheiro a serviço e trabalhava na construção de estradas e as vezes de repente la vinha o coronel no acampamento. Sentava nos banquinhos comia com a equipe, vistoriava o serviço e sempre dava algumas opiniões, sempre válidas. O pior é que alguns deputados trocarem a data da instalação do Estado e deixar no abandono seu busto na av. Jorge Teixeira. Grande Homem que os bons amigos espirituais o tenha em alta conta.

  • 2
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    Claudino 31/01/2019

    Parabéns pela homenagem!

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