Acusados de matar Bruno e Dom mudam versão e alegam legítima defesa

Para advogado de jornalista, novas alegações não se sustentam

Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil - São Paulo/Foto: © Reprodução redes sociais
Publicada em 09 de maio de 2023 às 17:34
Acusados de matar Bruno e Dom mudam versão e alegam legítima defesa

Os acusados pelo assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira voltaram atrás na confissão que tinham feito à polícia e passaram a alegar legítima defesa. Eles foram ouvidos em audiência à Justiça Federal nesta segunda-feira (8) e afirmaram que Bruno teria atirado primeiro. 

Em entrevista à Agência Brasil, o advogado da família de Dom, Rafael Fagundes, disse que, no depoimento que prestaram à polícia, os acusados haviam confessado que atiraram primeiro. 

“Esse movimento é natural. É direito deles se defender, ainda que a versão que eles tenham apresentado não se sustente, nem do ponto de vista lógico, nem do ponto de vista das provas dos autos”, destacou o advogado. 

A audiência na Justiça Federal ocorreu em Tabatinga (AM), por videoconferência, já que os acusados Amarildo da Costa Oliveira, Oseney Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima estão presos em presídios federais. O primeiro está em Catanduvas, no Paraná, e os outros dois em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. 

Este foi o primeiro depoimento dos acusados à Justiça. Eles foram os últimos a serem ouvidos no processo. Depoimentos de testemunhas já tinham sido colhidos em audiências anteriores. Segundo o advogado, “a única versão dissonante [de que eles são culpados] é a que foi dada pelos parentes dos acusados, que sequer prestaram compromisso de dizer a verdade”. 

Fagundes informou que agora as partes envolvidas no processo vão requerer suas últimas provas, podendo pedir novas diligências, como juntada de documentos, expedição de ofícios, requerimento de informações. Depois o juiz decidirá se os acusados irão a júri popular. No entanto, não há prazo para essa decisão. 

Histórico 

O correspondente do The Guardian e o indigenista foram executados em junho de 2022. Eles articulavam um trabalho conjunto para denunciar crimes socioambientais na região do Vale do Javari, onde há a maior concentração de povos isolados e de contato recente do mundo. Dom Phillips pretendia, inclusive, publicar um livro sobre as questões que afetam o território e fazia apurações das informações, na época. Na Terra Indígena Vale do Javari, encontram-se 64 aldeias de 26 povos e cerca de 6,3 mil pessoas. 

As autoridades policiais colocaram sob suspeita pelo menos oito pessoas, por possível participação nos homicídios e na ocultação dos cadáveres. No final de outubro de 2022, o suposto mandante do assassinato, Rubens Villar Pereira, foi posto em liberdade provisória após pagar fiança de R$ 15 mil. 

Comentários

  • 1
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    edgard alves feitosa 10/05/2023

    lógico que os advogados de defesa dos assassinos, orientou no sentido que eles mudem seus depoimentos; primeiro, como as vítimas estão "mortas", somente os assassinos orientados pelos seus advogados, podem apresentar sua "nova versão"; segundo, que os advogados de defesa, "defendam" assassinos, é pertinente; mas, quando "novas versões" adrede buriladas, de tal maneira que passam agora a serem as VÌTIMAS, é tripudiar sobre a VERDADE; não há o contraditório, pois os assassinos são os ÚNICOS DETENTORES DA VERDADE; casos como este e milhares que ocorrem no Brasil, em que advogados de defesa montam BELÍSSIMAS NOVAS VERSÕES, só contribuem para que a IMPUNIDADE SEJA A MARCA REGISTRADA NO BRASIL; assim nunca poderemos combater o CRIME;

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