Concurso de café especial reúne 64 produtores indígenas de Rondônia e distribui R$ 72 mil em premiação

Os 64 produtores indígenas inscritos tiveram suas amostras de café canéfora (conilon e robusta) avaliadas por degustadores profissionais, que classificaram 39 delas – cerca de 60%, como cafés especiais

Assessoria de Comunicação Social / Funai
Publicada em 23 de setembro de 2019 às 16:46
Concurso de café especial reúne 64 produtores indígenas de Rondônia e distribui R$ 72 mil em premiação

Cafeicultores das Terras Indígenas Sete de Setembro e Rio Branco, em Rondônia, concorreram a uma premiação de R$ 72 mil distribuídos pelo Concurso Tribos. Os 64 produtores indígenas inscritos tiveram suas amostras de café canéfora (conilon e robusta) avaliadas por degustadores profissionais, que classificaram 39 delas – cerca de 60%, como cafés especiais.

O concurso, promovido pelo Grupo 3 Corações, foi realizado na cidade de Cacoal no dia 12 de setembro. Esta edição foi voltada apenas a cafeicultores indígenas, cuja produção de café atingiu 1.200 sacas na safra deste ano. Por meio da Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento (CGETNO) e coordenações regionais de Cacoal e Ji-Paraná, esses produtores receberam apoio da Funai durante a colheita e o escoamento da safra, com acompanhamento técnico feito em parceria com a Embrapa Rondônia, Emater-RO e da Secretaria Municipal de Agricultura de Alta Floresta D'Oeste.

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Da esquerda para a direita: os indígenas premiados Erivelton Suruí, Valcemir Canoé e Yamixãrah Suruí [de mochila]

Yamixãrah Suruí, da Terra Indígena Sete de Setembro, de Cacoal, foi o vencedor da competição. Ele recebeu um prêmio de 25 mil reais em dinheiro e mais a compra de sua produção por três mil reais cada saca. Premiado em 2° lugar, o cafeicultor Valcemir Canoé recebeu 15 mil reais e a compra da safra por 2 mil reais a saca. Canoé mora na Terra Indígena Rio Branco, de Alta Floresta D'Oeste-RO. O 3º lugar no concurso ficou com Erivelton Suruí, também da TI Sete de Setembro. Ele recebeu pela produção mil reais por saca, além do prêmio de dez mil reais em dinheiro.

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Servidores da CGETNO e das CRs Cacoal e Ji-Paraná participaram da cerimônia de premiação

Em razão do alto nível de qualidade dos grãos, a organização do concurso decidiu premiar os cinco primeiros cafés especiais mais bem avaliados. Em 4º lugar ficou Mehpey Suruí e em 5º, Joel Suruí. Ambos receberam o prêmio de cinco mil reais cada um. De acordo com o coordenador regional da Funai em Cacoal, Ricardo Prado, "a premiação incentiva os indígenas a continuar produzindo cafés sustentáveis e com qualidade, agregando valor à produção. Por ser a primeira venda de café por classificação, pois até então o valor era único para qualquer tipo de café, podemos concluir que foi um sucesso absoluto", afirma Prado.

O pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves, comenta que "a qualidade excepcional destes cafés demonstra o potencial dos Robustas Amazônicos e como o uso de tecnologias sustentáveis podem fazer com que os indígenas transformem sua realidade. Estes povos estão utilizando tecnologias modernas como, por exemplo, as fermentações conhecidas como Sprouting Process, que intensificam os atributos como doçura e acidez do café, gerando bebidas complexas, exóticas e que poderão ser muito apreciadas mundialmente", ressalta o pesquisador.

Novos horizontes

As especificidades do café produzido pelos povos indígenas no estado – entre eles os Suruí, os Aruá e o povo Tuapari – têm conquistado espaço no cenário nacional e mundial. O café robusta amazônico cultivado pelos indígenas rondonienses foi considerado o segundo melhor café orgânico em um concurso na Suíça, em 2017. No ano seguinte, esse café especial alcançou posições de destaque no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia.

A proposta da empresa que promove o Concurso Tribos, o Grupo 3 Corações, é de realizar a compra de toda a produção indígena por um preço mais elevado que o praticado no mercado regional, além de atuar em parceria com os cafeicultores indígenas em ações continuadas como o apoio para plantio, a capacitação durante a pós colheita e a certificação do café orgânico.

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