É preciso tomar a segunda dose da vacina? Especialistas respondem
Dúvida ainda é frequente entre brasileiros, que também questionam quais pessoas com comorbidades que podem vacinar contra a Covid-19
É preciso tomar a segunda dose da vacina? Quais as comorbidades incluídas como prioritárias para vacinação contra a Covid-19? Esses são alguns questionamentos recorrentes de brasileiros no andamento da imunização no país. Para responder às dúvidas, o portal Brasil61.com convidou especialistas que detalharam a importância da vacinação completa e as doenças que são listadas pelo Ministério da Saúde na relação de prioridade.
Segundo levantamento do governo federal de abril, 1,5 milhão de brasileiros não tomaram a segunda dose da vacina, mesmo após ter chegado o prazo do reforço da imunização. Epidemiologista do curso de Saúde Pública da Universidade de Brasília (UnB), Walter Ramalho é enfático ao explicar: “Com uma dose apenas, a eficácia é muito menor e a conversão para as células de imunidade é muito baixa.”
Por que é importante tomar da segunda dose
O especialista lembra que, antes do registro das vacinas contra a Covid-19, foram feitos estudos para avaliar se seria necessária apenas uma aplicação ou mais. Porém, grande parte dessas análises indicou uma imunidade necessária para frear a mortalidade com duas doses.
“Foi pesquisado, para todas essas vacinas, a elegibilidade de apenas uma dose. E todos esses fabricantes acharam que a imunidade era muito baixa, a eficácia era muito baixa. Por isso que se passou a testar também duas doses, e o aumento da eficácia da vacina foi considerável. Hoje, alguns fabricantes ainda estão discutindo a administração de uma terceira dose para aumentar o reforço da imunidade vacinal das pessoas”, adiantou.
Atualmente, três vacinas estão sendo aplicadas nos brasileiros: CoronaVac/Butantan, AstraZeneca/Fiocruz e Pfizer/BioNTech. Todas são imunizações de duas doses. Ou seja, o brasileiro que tomou somente a primeira deve tomar a segunda para que se alcance a proteção necessária. Ainda há contratos do Ministério da Saúde para distribuições futuras das vacinas Janssen/Johnson, União Química/Sputnik V e Bharat Biotech/Covaxin.
Vacinas disponíveis no Brasil
Coronavac: Eficácia para casos sintomáticos é de 50,7%, sendo que pode chegar a 62,3% se houver um intervalo de mais de 21 dias entre as duas doses da vacina. Duas doses com intervalo entre as doses entre 14 a 28 dias após a aplicação da primeira.
Astrazeneca: Eficácia de cerca de 70% nos estudos que levaram à aprovação, variando entre 62 e 90%. Dados de vida real recém-divulgados pelo governo britânico apontam para 90% de proteção após as duas doses. Duas doses, o prazo para aplicação da segunda dose é de até 90 dias.
Pfizer: Já demonstrou 95% de eficácia em prevenir casos confirmados de Covid-19. O laboratório já relatou, inclusive, que a vacina funciona contra a variante sul-africana. Duas doses com prazo de aplicação para a segunda dose de 21 dias.
Janssen: Estudos da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) apontam que a dose única do imunizante é 66% eficaz na prevenção de diversas variantes da covid-19. Dose única.
Sputnik V: A vacina recebeu liberação parcial da Anvisa para ser distribuída sob condições específicas e em quantidade limitada para alguns estados. Eficácia de 91,7%, segundo estudo da Lancet, e 97,6%, segundo o Instituto Gamaleya. Aplicada em duas doses com intervalo de 21 dias.
Covaxin: A agência regulatória brasileira permitiu, por enquanto, o uso de 4 milhões de unidades do imunizante. A Anvisa ponderou o fato de não ter recebido relatórios da agência indiana, o curto prazo de acompanhamento dos participantes dos estudos e a inconclusão dos estudos da fase 3, etapa que atesta a eficácia da vacina. Eficácia de 78% e 100% em casos graves.
“Agora, é claro que nós não vamos deixar para tomar a segunda dose seis meses, oito meses, um ano depois. Porque nós precisamos, antes de tudo, nos cuidar. As pessoas só estão imunizadas corretamente a partir da segunda dose. Se você tomou apenas uma, você não está imunizado, e os cuidados necessários com o controle do coronavírus são de extrema importância”, afirma Walter.
Quando tomar a segunda dose da vacina da Covid-19
E qual o intervalo das doses das vacinas? A resposta depende de qual imunizante a pessoa recebeu. Os brasileiros que foram vacinados com a CoronaVac devem aguardar entre 14 e 28 dias de intervalo para buscar a segunda dose. Já o intervalo da vacina AstraZeneca e da Pfizer são maiores. A segunda dose, nesses casos, deve ser recebida 12 semanas após a primeira.
Uma dose ou duas doses, entenda cada vacina da Covid-19
O epidemiologista lembra ainda que há um imunizante aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que concentra a proteção em uma dose. “Nós temos hoje apenas a vacina da Johnson, a Janssen, que com apenas uma dose ela já confere uma boa imunidade para as pessoas. Em todas as outras, a ideia é que com duas doses tenhamos a eficácia desejada.”
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que 1,5 milhão de doses da vacina da Janssen devem chegar ao Brasil na manhã desta terça-feira (22). A declaração foi dada em audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 do Senado Federal, nesta segunda-feira (21). Ao todo, a pasta já tem contratadas 38 milhões de doses desse imunizante.
“A única esperança”
Sirlany Silva Arabi, moradora de Natal (RN), é aposentada, tem 62 anos e foi ao posto de saúde receber a primeira dose da vacina com alegria e alívio, pois perdeu pessoas próximas para a doença. Ela avalia que estamos combatendo um vírus sem cura que não escolhe pessoas por idade ou comorbidade, e acredita que “a única esperança que ainda temos é a vacinação”.
“A pouco, perdi um tio muito querido da minha idade. Ele tinha tomado só a primeira dose. Quando estava aguardando para tomar a segunda, foi acometido pela Covid-19, ficou 28 dias no hospital e não resistiu. Sendo que era uma pessoa sem comorbidade nenhuma”, lamenta.
Antônio de Oliveira, 55, mora no Distrito Federal e aguarda a segunda dose. “A expectativa que tenho para tomar a segunda dose é completar o esquema vacinal e ficar completamente imunizado, para o organismo produzir anticorpos, se defender caso a gente adquira a doença. Eu mesmo perdi amigos que faleceram em idade até menor que a minha. Talvez, se eles tivessem tomado a vacina, isso tivesse sido evitado. Desde que eu sou criança vejo que a vacina é uma proteção para a humanidade”, ressalta.
Thainá Chaves, 27, também tem conhecidos entre os números de mais de 500 mil mortos em decorrência da Covid-19. Ela já tomou as duas doses da imunização, dentro do grupo de prioridades de psicólogos, e classifica a vacinação como uma “oportunidade de vida”. “A vacina antes de ser aprovada passa por muitos estudos. Infelizmente, muitos se aproveitam da situação para propagar informações falsas. Muitos gostariam de ter a oportunidade de tomar a vacina. Essa é uma responsabilidade nossa.”
Dificuldade histórica
Alessandro Chagas, assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), classifica esse problema da falta da segunda imunização como histórica no país. “O Brasil tem uma dificuldade enorme de todas as vacinas que a gente tem no calendário com mais de uma dose, mesmo crianças nós temos dificuldades enormes. Se pegarmos, por exemplo, o HPV, não chegamos a 40% dos que vão tomar a segunda dose. Então, isso é histórico no Brasil.”
Para ele, é preciso fortalecer os sistemas de atenção básica para encontrar pessoas que não voltaram aos postos de saúde para completar a imunização contra a Covid-19 dentro do prazo adequado. “O ideal é que o agente de saúde vá buscar essas pessoas, entrar em contato com quem tem cadastro na atenção básica. O principal objetivo da vacina é evitar o caso grave. Aquele que não completa o esquema vacinal fica com isso comprometido. É um percentual pequeno, mas não quer dizer que não temos que correr atrás”, diz.
Comorbidades definidas pelo Ministério da Saúde:
E quais as comorbidades incluídas como prioritárias para vacinação contra a Covid-19? O questionamento ainda realizado com frequência no país pode ser respondido com base nos detalhes do Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. O documento lista os grupos de comorbidades prioritárias. Veja abaixo quais são:
- Doenças Cardiovasculares
- Insuficiência cardíaca (IC)
- Cor-pulmonales (alteração no ventrículo direito) e Hipertensão pulmonar
- Cardiopatia hipertensiva
- Síndromes coronarianas
- Valvopatias
- Miocardiopatias e Pericardiopatias
- Doença da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
- Arritmias cardíacas
- Cardiopatias congênitas no adulto
- Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados
- Diabetes mellitus
- Pneumopatias crônicas graves
- Hipertensão arterial resistente (HAR)
- Hipertensão arterial - estágio 3
- Hipertensão arterial - estágios 1 e 2 com lesão e órgão-alvo e/ou comorbidade
- Doença Cerebrovascular
- Doença renal crônica
- Imunossuprimidos (transplantados; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas em uso de corticoides; pessoas com câncer).
- Anemia falciforme e talassemia maior (hemoglobinopatias graves)
- Obesidade mórbida
- Cirrose hepática
Vale destacar que é preciso consultar a Secretaria de Saúde do Estado ou do Município para verificar como está sendo organizada a fila de vacinação no local, o que pode variar entre regiões. Confira neste link os dados da aplicação de vacinas no seu estado.
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