História de Rondônia: Jesus Bulamarqui Hosannah, 6º governador, “homem forte” de Aluízio Ferreira, abriu estradas vicinais
Seis anos depois que o coronel deixava o poder para ocupar a única vaga de deputado federal, Jesus Hosannah assumia o cargo em sete de fevereiro de 1952 para governar até 18 de novembro de 1953.
Jesus Bulamarqui Hosannah (PTB) assina o termo de posse no Rio de Janeiro: à esquerda, o deputado Aluízio Ferreira
Foi longa a influência de Aluízio Pinheiro Ferreira no extinto Território Federal do Guaporé, tanto que o presidente Getúlio Vargas nomeou Jesus Burlamaqui Hosannah (PTB) o 6º governador. Ele era o “homem forte” durante o 1º governo.
Seis anos depois que o coronel deixava o poder para ocupar a única vaga de deputado federal, Jesus Hosannah assumia o cargo em sete de fevereiro de 1952 para governar até 18 de novembro de 1953.
O novo mandatário fazia parte do cenário político rondoniense desde o dia 29 de janeiro de 1944, quando Aluízio Ferreira anunciou-o entre os primeiros secretários do recém-criado território, durante solenidade numa sala do então Grupo Escolar Barão do Solimões.
No recenseamento geral de 1950, o Guaporé contava apenas com dois municípios [Porto Velho e Guajará-Mirim], nove distritos e sete vilas. O País totalizava 51,9 milhões de habitantes, o Guaporé não ia além dos 40 mil, uma taxa de densidade demográfica baixíssima. Na década de 1990, Rondônia ultrapassava 1,1 milhão.
Ao comemorar o nono aniversário da instalação do território, Jesus cumprimentou o presidente Getúlio Vargas pelo “alto patriotismo e decidido interesse pelos assuntos da Amazônia”. Enviou-lhe telegrama em 31 de julho de 1953, informando-lhe que naquela data inaugurava a Maternidade Darcy Vargas; o Porto Velho Hotel com 50 apartamentos; a ponte de concreto armado na estrada para Santo Antônio; mercado municipal no bairro Nossa Senhora das Graças [Km 1]; e o posto de abastecimento e lubrificação de carros oficiais”.
“O território caminha a passos rápidos para o seu largo futuro”, assinalava.
Segundo o historiador e acadêmico de letras Abnael Machado de Lima, a gestão de Jesus deu continuidade aos serviços iniciados quando ainda era secretário-geral – a abertura de estradas por exemplo. Na verdade, eram ainda vicinais, já que rodovias propriamente só seriam realidade a partir dos anos 1980.
“Ele criou o Serviço de Recuperação do Ji-Paraná (Serejipa) com sede em Tabajara, administrado pelo tenente da guarda territorial, José Cristino”, lembra o historiador.
SEREJIPA AJUDA GARIMPEIROS
Ainda não havia plantadores de soja, apenas alguns com roças de banana, feijão, milho e mandioca. Lavouras de café só surgiram entre os anos 1960 e 1970. Seringais agonizavam.
O Serejipa começou a trabalhar com uma frota de dois caminhões, algumas lanchas e batelões para transportar garimpeiros à cata de diamantes nos rios do sul do Território.
“Eram muitos naqueles anos 1950. Em 52 contavam-se uns dois mil, vindos pelo rio Ji-Paraná e pelo varadouro da linha telegráfica”, relata Abnael Machado.
Funcionava assim: eles instalavam balsas apoiadoras dos mergulhadores em escafandro, desde a cachoeira Idalina desse rio, até os altos cursos dos rios Pimenta Bueno (Apidiá) e Comemoração de Floriano, nos quais encontravam diamantes graúdos e finos.
Segundo o historiador, a maior quantidade de pedras era encontrada nos lugares denominados Seco do Brasil, Riozinho, Roncador, Pilões e Seco do Açaí, nos quais também se concentravam as maiores aglomerações de exploradores.
Ainda conforme Abnael Machado, os garimpeiros instalaram dois arraiais de comercialização dos diamantes, um em Vila Rondônia e outro em Pimenta Bueno, construíram as casas para suas famílias, barracões para solteiros, campo de pouso para os pequenos aviões dos capangueiros [compradores de diamantes] vindos de Mato Grosso, aonde os vendiam como produtos dos garimpo daquele Estado.
Até o final dos anos 1940, essas duas localidades eram habitadas por menos de 40 famílias, mas em 1952, no governo de Jesus, contavam com pelo menos dois mil pessoas. Elas movimentavam o comércio formado por tabernas, bares, cabarés e a zona da prostituição de mulheres
Estradas “de verdade”, ou seja, em que eram usadas máquinas motoniveladoras, trator-esteira e outros equipamentos modernos, só vieram a ser abertas no início dos anos 1980. A primeira grande experiência no setor de transportes foi do ex-governador Humberto Guedes, ao iniciar em 1976 a abertura da RO-01, com recursos financeiros da Superintendência do Desenvolvimento do Centro Oeste Brasileiro (Sudeco).
O diretor proprietário da Escala Engenharia Antônio de Figueiredo, conta que sua equipe entrou na floresta do Projeto de Assentamento Buritis, abrindo primeiramente picadas semelhantes às que eram feitas nos tempos de Jesus. “Os topógrafos marcavam o eixo das futuras estradas, e a assim fizemos também em Jaru e Ariquemes, enfrentando toda sorte de desafios”, ele lembra.
Esse esforço para abrir estradas só se consolidaria três décadas anos depois, quando o coronel Jorge Teixeira de Oliveira criou os Núcleos Urbanos de Apoio Rural [NUARs] supervisionados pela extinta Companhia de Desenvolvimento Agrícola de Rondônia [Codaron]. Estes, sim, ganharam estradas de acesso e não demoraram muito para se transformar em cidades.
Conservador, como mandava o figurino da época, Jesus recebeu ordens de Aluízio, não hesitando em mandar a polícia territorial prender dois petebistas medalhões que não rezavam na mesma cartilha governamental: o engenheiro Wadih Darwich Zacarias e o médico Ary Tupinambá Penna Pinheiro – ambos sob acusação de comunistas.
No bairro Areal da Floresta em Porto Velho, o ex-governador Jorge Teixeira de Oliveira inaugurou uma escola estadual com o nome de Jesus Bulamarqui, em julho de 1982, ano das primeiras eleições para o novo estado.
Jesus Bulamarqui Hosannah
“SALVE-NOS”
Jesus Bulamarqui Hosannah nasceu a dois de setembro de 1894, em Oeiras, Estado do Piauí.
Por parte dos Burlamaqui, o governador era de família originária de Lisboa (Portugal), de onde vieram Pompeo Burlamaqui e Theodoro Burlamaque, em meados de 1700.
Já Hosana significa “salve-nos” – termo litúrgico de origem hebraica, muito utilizada nas religiões judaica e católica e citada em diversas passagens da Bíblia, além de ser utilizada também em cantos e rezas. O povo de Jerusalém gritava esse nome quando Jesus passava, pedindo a libertação do sofrimento e a salvação.
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