Comitiva de congressistas de extrema direita acompanha Jair Bolsonaro na Argentina (Foto: Reprodução)

Os idiotas são grandes defensores da liberdade de expressão. 

Eles eram as grandes vítimas da “censura” da imprensa. Ideias idiotas não tinham espaço nos jornais. Idiotas não entravam numa redação. Eram enxotados. 

Até que uma geração de gênios inventou a internet.  

Na internet se podia escrever e postar qualquer idiotice, sem “censura”. E mesmo sem saber escrever direito. Ou pensar direito. Sem obedecer a qualquer princípio ético. Não tinha mais editor, nem revisor. Ninguém. Liberdade total!

Os idiotas ficaram livres para falar as bobagens que quisessem e transformá-las em verdades absolutas mesmo quando fossem as mais evidentes mentiras, graças ao efeito manada.  

As portas se abriram para os idiotas trocarem ideias (idiotas) e alguns idiotas, que se destacaram mais que os outros, os extremamente idiotas,  passaram a liderar a manada. 

A manada de idiotas entendeu que elegendo um idiota igual a eles, as ideias mais idiotas seriam implantadas e eles teriam as melhores oportunidades de progresso, mesmo sendo idiotas. 

 podiam ser idiotas à vontade, sem medo. Podiam se lambuzar de farofa ou alimentar as emas com cloroquina e mesmo assim ser admirados por seus seguidores.

Os idiotas, quando chegam ao poder, atacam primeiramente os artistas, quebram obras de arte, proíbem livros, peças e filmes, porque a arte é feita por pessoas razoavelmente inteligentes, que são seus grandes inimigos. Os inteligentes tem que ser eliminados.

Em certos setores da arte, os idiotas criam seus próprios “artistas”, à sua imagem e semelhança, como prova a proliferação de duplas sertanejas em nosso país.

Os gênios forneceram as ferramentas para os idiotas chegarem ao poder em vários países.

Tirá-los do poder será cada vez mais difícil, porque eles aumentam em progressão geométrica, na velocidade da internet.

A não ser que os gênios inventem um antídoto contra a revolução dos idiotas.

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"