Indígenas prendem invasor armado e o obrigam a usar máscara e álcool em gel contra Covid-19

Desde o início da pandemia os indígenas pedem reforço na fiscalização contra invasores que podem levar o novo coronavírus às aldeias

Por Luciana Oliveira
Publicada em 29 de julho de 2020 às 11:59
Indígenas prendem invasor armado e o obrigam a usar máscara e álcool em gel contra Covid-19

O homem estava com uma moto, arma de fogo e motosserra quando indígenas que faziam monitoramento do desmatamento o flagraram em território Uru Eu Wau Wau próximo ao município de Governador Jorge Teixeira, em Rondônia.

A polícia federal e os órgãos de fiscalização foram acionados e depois de uma tarde de espera foi levado à delegacia do município de Buritis onde prestou depoimento.

Desde o início da pandemia os indígenas pedem reforço na fiscalização contra invasores que podem levar o novo coronavírus às aldeias.

Os Uru Eu Wau Wau não têm registro da doença e diante do invasor, mostraram duas armas poderosas: a máscara e o álcool em gel.

Segundo relatos, o homem disse que não sabia que estava entrando em área indígena e que foi ver de perto lotes que estariam à venda no território demarcado desde 1991.

As autorizações para entrada em terras indígenas estão suspensas desde 17 de março em função da pandemia, por meio da Portaria nº 419 da Presidência da República. Só quem presta serviços essenciais às comunidades indígenas pode entrar. O controle é para garantir proteção a um grupo de risco que é mais vulnerável ao contágio.

A presença do invasor foi detectada pelo grupo de vigilância dos indígenas que foi capacitado para utilizar drones no monitoramento de desmatamentos. O homem estava próximo a uma base da Funai construída com recursos de compensação das hidrelétricas do rio Madeira que está abandonada.

Os indígenas contam que a estrutura abandonada serve de abrigo a invasores.

“Os invasores usam a base que seria para proteção dos indígenas como abrigo para reuniões criminosas, diz um Uru Eu Wau Wau.

O território UEWW é constantemente invadido por madeireiros e grileiros como já denunciou inúmeras vezes Neidinha Suruí, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.

“A situação dos povos indígenas piorou muito, pois agora o inimigo conhecido traz outro inimigo e invisível, o vírus que pode dizimar aldeias inteiras”.

No dia 15 de julho o chefe da divisão técnica e coordenador regional substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Ji-Paraná (RO), Vicente Batista Filho, foi exonerado após 32 anos trabalhando para proteger povos e territórios indígenas.

No lugar dele foi nomeado João Carlos Gerheim Infante, militar filiado ao partido Solidariedade.

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