Junho é o mês escolhido para a disseminação de informações sobre as afasias, a dificuldade de comunicação decorrente de algum tipo de lesão cerebral. Este ano, em mais uma edição da sua tradicional campanha educativa, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) aborda o assunto sob a temática: “Afasia: Quebrando o silêncio”, com o objetivo de agregar conhecimento para desconstruir estigmas, facilitar o diagnóstico e viabilizar o tratamento adequado.
“Como fonoaudiólogos, o tema é muito especial para nós, pois vivenciamos no dia a dia a dificuldade das pessoas com afasia, bem como seus familiares e cuidadores, em encontrar informações de qualidade, baseadas em ciência e prática clínica séria. Além disso, pessoas com afasia não costumam ter receptividade nos meios sociais, motivos pelos quais é importante quebrarmos o silêncio e falarmos cada vez mais sobre a condição e como oferecer o devido suporte para quem convive com ela”, explica a fonoaudióloga e atual coordenadora do Comitê de Linguagem Oral e Escrita da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Dra. Bárbara Costa Beber.
Mas, afinal, o que é afasia?
A afasia pode ser definida como uma dificuldade de comunicação decorrente de algum tipo de lesão cerebral, que pode afetar a expressão da fala e/ou a capacidade de compreender o que os outros dizem sem, no entanto, afetar a inteligência.
Algumas condições que podem causar afasia são:
● Acidente Vascular Cerebral (AVC),
● Traumatismo cranioencefálico,
● Tumores cerebrais,
● Doenças neurodegenerativas como a demência frontotemporal, condição do ator Bruce Willis
Porém, o AVC, popularmente conhecido como derrame, é a principal causa da afasia. Estima-se que aproximadamente um terço das pessoas que sofrem um AVC apresenta a afasia como sequela.
O tipo de afasia e a sua gravidade ditarão as consequências, assim como quais áreas do cérebro foram atingidas e a extensão da lesão.
Conhecendo alguns exemplos de como a afasia compromete a comunicação:
● A pessoa com afasia pode não conseguir falar a palavra que deseja ou pode trocar uma palavra por outra sem qualquer capacidade de controlar ou prever isso.
● Em casos mais graves pode ocorrer mutismo, em que a pessoa com afasia não consegue falar nada ou emite apenas algumas palavras isoladas.
● Algumas pessoas com afasia não conseguem compreender o que os outros falam, apesar de conseguirem emitir a fala adequadamente e construir frases.
A qualidade de vida do indivíduo com afasia sofre impactos desafiadores, especialmente ao considerarmos que a maioria das pessoas que apresentam a condição são adultos no auge de sua vida produtiva e social.
Estudo* recente demonstrou que a incidência de depressão, por exemplo, é maior entre pessoas que sofreram AVC e tiveram afasia do que entre os que não tiveram afasia, uma vez que a incapacidade de se comunicar afeta o convívio social, os papéis que cada pessoa desempenha na família e causa isolamento social.
Por isso, é importante quebrar o silêncio sobre a condição em todas as esferas da sociedade e não apenas por quem passa ou tem pessoas próximas enfrentando a afasia, de forma a oferecer um suporte adequado a quem precisa.
Quebrar o silêncio sobre a afasia favorece a integração do paciente à sociedade
A afasia pode ser tratada, podendo levar à recuperação total ou parcial das habilidades de comunicação prejudicadas, a depender de vários fatores, como o que a causou, extensão da lesão no cérebro, estado de saúde geral de cada indivíduo e tempo de demora para iniciar o tratamento. O principal tratamento para a afasia é a terapia fonoaudiológica, mais especificamente na área da linguagem, que se utiliza de técnicas de estimulação e compensação das dificuldades para a recuperação da capacidade de comunicação da pessoa com afasia.
“Trabalho diariamente com a reabilitação de pessoas com afasia. Ao perguntar para um grupo de pacientes o que eles gostariam que as pessoas soubessem sobre afasia, todos responderam de forma unânime que gostariam que as pessoas soubessem que a afasia afeta a comunicação deles, mas não afeta a inteligência”, comenta a Dra. Bárbara Costa Beber.
“Munir-se de informações responsáveis para não estigmatizar quem sofre com a afasia também faz parte do tratamento e este é o papel da campanha anual da SBFa, ao concentrar no mês de junho informações de respaldo científico que auxiliam pessoas leigas e profissionais de outras áreas sobre o entendimento da condição e as melhores práticas de reabilitação”, reforça a vice coordenadora do comitê da SBFa, Dra. Juliana Lira.
Ao longo de todo o mês de junho, diversos conteúdos informativos estão sendo disponibilizados no site e redes sociais da SBFa:
Site da Campanha
Instagram @sbfa1
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