Lula assume lugar na cena mundial

Sem empregar malabarismos retóricos, o discurso de Lula em Paris mostrou a força única de um estadista capaz de conversar com a História presente

Paulo Moreira Leite
Publicada em 24 de junho de 2023 às 11:31

Paris, França, 22.06.2023 – Presidente Lula discursa no evento “Power Our Planet”, em Paris

Paris, França, 22.06.2023 – Presidente Lula discursa no evento “Power Our Planet”, em Paris (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Sem empregar malabarismos retóricos, o discurso de Lula na manhã desta sexta-feira, 23 de junho, em Paris, mostrou a força única de um estadista capaz de conversar com a História presente.

O Valor Econômico informa que naquele dia o presidente brasileiro fez o discurso mais aplaudido de um encontro de nome pomposo e finalidade nebulosa ("Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global)", que reuniu uma centena de chefes de governo do planeta.

Palmas sempre querem dizer alguma coisa mas não dizem tudo.

Sem deixar-se intimidar pelas personalidades que falam pelos maiores PIBs (e maiores exércitos) do planeta, Lula consumiu 20 minutos num discurso sobre o ponto realmente fundamental.

Ao se referir a acordos economicos e compromissos morais que pareciam tão promissores no final da  Segunda Guerra Mundial, quando se venceu os horrores do nazismo que hoje ameaça retornar em várias partes do planeta, com a cumplicidade de várias parcelas do poder mundial,  o presidente brasileiro mostrou uma postura insubstituível.

Abriu um debate único e indispensável para uma conversa sem hipocrisia, capaz de discutir os impasses e perplexidades de um planeta em fase nitidamente regressiva, pois já debateu "investimento em países pobres e hoje debate o protecionismo dos países ricos". 

Evitando o papel conveniente de enfeite ecológico que costuma ser a fantasia mais agradável de representantes de um país que abriga a Amazonia, cobrou responsabilidades de todos e cada um quando fez o esclarecimento fundamental.

“Eu não vim aqui para falar somente da Amazônia," disse. "Eu vim aqui para falar que, junto com a questão climática, nós temos que colocar a questão da desigualdade mundial. Não é possível que, numa reunião entre presidentes de países importantes, a palavra desigualdade não apareça. A desigualdade salarial, a desigualdade de raça, a desigualdade de gênero, a desigualdade na educação, a desigualdade na saúde ".  

“Ou seja, nós somos um mundo cada vez mais desigual, e cada vez mais a riqueza está concentrada na mão de menos gente, e a pobreza concentrada na mão de mais gente," disse.

Deixando claro que, sem abrir caminho para um debate honesto sobre as condições materiais de existência da humanidade, em todas as latitudes do planeta, Lula mostrou-se capaz de cumprir um papel insubstituível.

Sem medo de falar claro sobre assuntos graves, Lula repetiu, em escala universal, aquele comportamento que marca uma história iniciada há meio século sob uma ditadura militar que torturava no andar debaixo e afinava a voz para as camadas de cima.

Com uma estatura política que raros estadistas do planeta podem exibir, esculpida pelo conhecimento infinito que a vida lhe trouxe -- na pobreza de Garanhuns, nas lutas metalúrgicas do ABC, no  Planalto e na cela de Curitiba --, ele retorna ao país depois de lembrar ao planeta que não haverá saída sem a emancipação dos mais pobres e a libertação dos oprimidos.

Foi essa a lição que Lula deixou em Paris, num discurso histórico e sem enrolação, de quem fala o que é preciso dizer sem perder a simpatia,  como se estivesse entre velhos e bons amigos numa mesa de bar em qualquer botequim do planeta.

Alguma dúvida?     

Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247, Paulo Moreira Leite tinha 14 anos quando escreveu um artigo no jornalzinho dos alunos do Guaraci Silveira, em São Paulo. O tom crítico levou ao recolhimento do jornal e contribuiu para que fosse obrigado a deixar a escola no final do ano. Não deixou o jornalismo, porém. Aos 16 anos escrevia sobre boxe no Jornal da Tarde. Aos 20 era repórter da Ilustrada, na Folha. Aos 30 foi para a VEJA, onde chegou a correspondente em Paris e redator chefe. Aos 50 estava na Gazeta Mercantil, como correspondente em Washington, e já tinha quase 60 quando começou a escrever no Brasil 247, onde está até hoje. Publicou três livros: “A mulher que era o general da casa”, sobre a resistência civil ao regime militar; “A outra história do Mensalão” e “A Outra História da Lava Jato”, com o qual ganhou um Prêmio Jabuti.

Comentários

  • 1
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    OBSERVADOR 25/06/2023

    (...) O lugar de maior chefe de ORCRIM das Américas e também apoiador declarado de ditadores sanguinários latinos-americanos como Maduro e Daniel Ortega da Nicarágua. Este é o grande reconhecimento internacional que o ex-presidiário descondenado Luladrão tem como ápice histórico e relevante no seu currículo criminal. É este o reconhecimento internacional do bandido...

  • 2
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    OBSERVADOR 25/06/2023

    Sim, assume, como o maior puxa-saco, pau mandado e apoiador de ditadores sanguinários como Maduro na Venezuela, Daniel Ortega na Nicarágua, Putin na Rússia e tantos outros mundo afora o ex-presidiário descondenado Luladrão tornou-se a maior figura caricata e corrupta das Américas. O ex-presidiário descondenado Luladrão não passa de um fanfarrão mentiroso contumaz. O ex-presidiário descondenado e maior chefe de ORCRIM das Américas, quiçá do mundo representa a cleptocracia que ocupa hoje o poder central do Brasil com total apoios de seus bajuladores comparsas togados do STF. O ex-presidiário descondenado Luladrão é sim perante o mundo a maior figura corrupta viva da face da terra. É o que o ex-presidiário descondenado Luladrão representa. O Luladrão é a maior vergonha internacional. Luladrão só representa ele mesmo como corrupto, a corrupção instalada em Brasília através da cleptocracia e suas dezenas de bandidos de todo tipo e periculosidades. Nada mais que isto o ex-presidiário descondenado Luladrão representa. Aliás, este marginal, Luladrão, nunca representou os cidadãos e cidadãs de bem, mas tão somente bandidos como ele e só. É isso...

  • 3
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    edgard alves feitosa 24/06/2023

    que se pode esperar de "velhos amigos" embriagados em volta de mesa de Botequim????? pensei que os problemas mundiais fossem algo muito mais sério, que transcendessem mesas e vapores alcoólicos!!!!!

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