Marta Suplicy (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy “está com tudo e não está prosa”, como dizia o jingle do Programa do Chacrinha.
Desde que ficou pública a preferência de Lula por ela para vice de Boulos, também aumentou o seu cacife para ser vice do atual prefeito, em cujo governo trabalha.
Os petistas ortodoxos ainda torcem o nariz para ela, desde que votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e migrou para o MDB de Temer. O MDB a trata a pão-de-ló.
Mais pragmático, Lula entrou em campo para trazê-la de volta ao PT, custe o que custar, “duela a quien duela”. Dentro ou fora do PT e do MDB, que faz parte do seu ministério. Mas guerra é guerra.
Lula sabe que Marta é o principal trunfo eleitoral de Ricardo Nunes. Ele é desconhecido e ela, famosa. Ele é inexperiente e ela, veterana. Ele é conservador, e ela de esquerda.
Ela criou o bilhete único. E tudo indica que o transporte será o tema central da campanha de reeleição.
Por isso é fundamental na estratégia de Lula tirá-la da campanha de Nunes, em primeiro lugar; em segundo, reforçar e complementar a chapa de Boulos.
Ele, homem, ela mulher. Ele inexperiente, ela veterana; ele radical, ela moderada; ele de esquerda, ela de direita.
Pode parecer contradição, mas não é. Em relação a Nunes, ela é de esquerda; em relação a Boulos, de direita.
Para Nunes, ela vai atrair os eleitores de esquerda; para Boulos, os de direita.
Marta será para Boulos o que Alckmin foi para Lula.
Nunes precisa dela porque é fundamental na sua estratégia ficar mais parecido com Lula do que com Bolsonaro. Tanto é que ele já pôs na rua a tarifa zero.
Associar-se a Bolsonaro é uma estupidez. Nunes tem votos para chegar ao segundo turno sem ele e, no segundo turno, os bolsonaristas vão votar nele para não votar em Boulos.
Se Marta escolher a opção que a garanta no poder, a vantagem de Lula é evidente.
Só ele pode lhe oferecer uma compensação em caso de derrota.
Só ele tem ministérios.

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"