Minotauro e esposa tornam-se réus em mais uma ação por corrupção ativa

Caso está relacionado ao pagamento de propina a membros do Ministério Público paraguaio

MPF
Publicada em 01 de dezembro de 2020 às 15:23
Minotauro e esposa tornam-se réus em mais uma ação por corrupção ativa

Foto extraída dos autos. Caneta Mont Blanc entregue em troca do arquivamento de investigações

A Justiça Federal em Ponta Porã (MS) recebeu, em 19 de novembro, denúncia por corrupção ativa oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, e Maria Alciris Cabral Jara, conhecida como Maritê, advogada e esposa de Minotauro. A denúncia foi oferecida em julho de 2020 e se baseia em inquérito policial que comprova o pagamento de propina a dois integrantes do Ministério Público paraguaio visando o arquivamento de investigações relacionadas a Minotauro.

Um deles, Hugo Volpe, coordenava o grupo que investigava e denunciava o tráfico de drogas em âmbito nacional no país vizinho. O outro, Armando Cantero, era o responsável pelo combate ao tráfico de drogas na região de Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com o município sul-mato-grossense Ponta Porã. Ambos eram agentes fiscais do Ministério Público do Paraguai, cargo equivalente ao de promotor de Justiça no Brasil. Cada um dos agentes públicos recebeu uma caneta da marca Mont Blanc, avaliada em US$ 900, e Armando Cantero recebeu mais US$ 10 mil em dinheiro.

Minotauro e Maritê integram associação criminosa especializada no tráfico internacional de drogas e corrupção ativa de funcionários públicos. A principal atividade da organização era a comercialização de cocaína proveniente da Bolívia. A logística consistia em buscar a droga na Bolívia em aviões, descarregar em uma fazenda na região de Pedro Juan Caballero e, dali, distribuir para os mais diversos destinos nacionais e internacionais.

A Minotauro, cabia fomentar a produção e negociar a comercialização da droga em larga escala, além de comandar as relações da organização criminosa, seja com violência e ameaças ou com “diplomacia”. Já Maritê, pessoa de confiança de Minotauro, era a gestora financeira da organização, responsável pela contabilidade, que incluía pagamentos mensais a policiais paraguaios e toda a aproximação e negociação junto aos membros do Ministério Público do país vizinho, além da organização dos voos com carregamentos de drogas e da administração dos bens móveis e imóveis do grupo criminoso.

Condenação – Em setembro passado, a JF em Ponta Porã condenou Minotauro a 40 anos de prisão no bojo de outra ação penal, por chefiar organização criminosa, praticar corrupção ativa junto a policiais paraguaios e por falsidade ideológica com base na emissão e utilização de documentos em nome de terceiros. A sentença condenou ainda a esposa de Minotauro, Maria Alciris, a 20 anos de prisão pelos crimes de organização criminosa e corrupção ativa, e o piloto Emerson da Silva Lima a 8 anos por integrar a referida organização criminosa.

Minotauro está preso na Penitenciária Federal de Brasília desde fevereiro de 2019. Já Maritê está presa preventivamente na Penitenciária Feminina de Sant'Ana, em São Paulo.

Autos na JF de Ponta Porã: 5001056-87.2020.4.03.6005

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