MPF denuncia advogado por crime de exploração de prestígio

Influência seria exercida na obtenção de sentenças no STF e no STJ.

MPF/Imagem ilustrativa: Pixabay
Publicada em 21 de março de 2019 às 16:29
MPF denuncia advogado por crime de exploração de prestígio

O Ministério Público Federal no Distrito Federal denunciou, ontem (19), o advogado Antônio Amauri Malaquias de Pinho por exercer tráfico de influência em decisões que seriam proferidas no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação penal é resultado de investigações no âmbito da Operação Mercador de Fumaça, deflagrada em 2017. As investigações apontaram que o acusado negociou valores a pretexto de influir em decisões nos tribunais superiores que garantiriam a recondução de um prefeito então afastado de seu cargo pela Justiça estadual.

No documento, o MPF relata que Antônio Amauri solicitou o pagamento de R$ 800 mil para garantir provimento de recurso no STJ. A manobra seria realizada em favor de seu pretenso cliente, o ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos (SP), Acir Filló dos Santos. No entanto, o recurso apresentado pelo político foi indeferido. Com a remessa do processo ao STF, desta vez, Amauri pediu R$ 2 milhões para assegurar que a decisão daquele tribunal seria favorável à recondução do político.

As investigações revelaram conversas sobre as negociações via WhatsApp entre o advogado e o ex-prefeito. A peça reforça as acusações apresentando “prints” do aplicativo que foram entregues por Acir dos Santos. Em um dos trechos Antônio Amauri diz: “O pessoal garantiu o resultado, data...td certo (...)”. A propriedade do número de telefone citado foi comprovada pela Polícia Federal.

O nome dado à operação – Mercador de Fumaça – faz alusão ao fato de que o acusado “vendia fumaça”, ou seja, uma influência não comprovada. A ação destaca ainda que essa não é a primeira vez que o acusado é processado por tráfico de influência, “reforçando a percepção de que o ora denunciado é um contumaz praticante do crime de exploração de prestígio”. Em 2014, o advogado chegou a ser condenado pela prática criminosa.

Cota – Em cota (comunicação) enviada junto à denúncia, o MPF informa que enviou cópia da denúncia para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a fim de que sejam adotadas providências disciplinares quanto ao denunciado. Também esclarece que solicitou à Polícia Federal a instauração de um novo inquérito a fim de apurar a prática de possível crime de lavagem de bens e ativos. A suspeita é motivada por um laudo de perícia criminal que apontou incompatibilidade entre as declarações fiscais e as movimentações bancárias de Amauri em 2016.

Íntegras da denúncia e da cota

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