Muito obrigado, meninos!
É tanta nota boa nas Redações que eu já estou arrependido de tê-los deixado “tão precocemente”
Não sou mais professor. Profissão cativante e maravilhosa que me fez doar alma e coração por pelo menos 43 anos de minha vida. Em Rondônia foram 39 anos. Quatro décadas dedicadas ao Magistério e à arte de tentar ensinar e aprender com a molecada. E valeram a pena os anos dedicados às futuras gerações. Cansado, esgotado, um tanto pobre de dinheiro, mas não de espírito, saí em 2019 para a aposentadoria prometendo que tão cedo não voltava aos batentes escolares. Mas durou pouco a minha promessa. E o motivo é um tanto sublime: muitos dos alunos da Escola João Bento da Costa de Porto Velho “arrebentaram” nas notas da prova de Redação do Enem/2019. É tanta nota boa nas Redações que eu já estou arrependido de tê-los deixado “tão precocemente”. Um festival de competência e de notas altas virou rotina naquela excelente escola pública.
Junto com outros colegas professores, ajudei a fundar em 2001, na Escola Professor João Bento de Porto Velho, o Projeto Terceirão na escola pública objetivando o ingresso de alunos “carentes” nas universidades públicas. Deu certo e de lá para cá, uma leva de muitos alunos foram mandados direto do JBC para as principais universidades particulares e públicas espalhadas pelo Brasil afora. Professores, médicos, engenheiros, advogados, psicólogos, arquitetos, enfermeiros, jornalistas ostentam hoje a “marca” JBC em seus valorosos currículos. E quando pensei que tudo já tinha terminado, eis que surgem com toda a garra e desenvoltura “os heroicos meninos de 2019” com suas excelentes notas em Redação para fazer inveja a qualquer escola particular, não só de Rondônia, mas do Brasil. “Cuidado com o meu coração, garotos!”.
Porém, não foram somente os meninos do JBC a fazer bonito com essas suas notas fenomenais. A excelente Escola Major Guapindaia, dirigida e liderada por uma admirável equipe de professores, também deu conta do recado com notas muito boas. Fazer a assombrosa marca de 980 pontos em Redação foi “algo até simples” lá no Major. Assim como na gloriosa Escola Tiradentes de Porto Velho, a campeoníssima em notas boas no ENEM. É um festival de notas altas. Mesmo nas caríssimas escolas particulares de Porto Velho deve ter tido aluno com notas boas também. E isso é muito bom. Bom para os alunos, bom para a Educação, bom para Porto Velho, bom para Rondônia, bom para o Brasil. E crédito para quem merece: os próprios alunos. Lendo-se qualquer texto de 900 pontos percebe-se de imediato a leitura de mundo de quem o fez.
A maioria das escolas públicas de Porto Velho e de Rondônia tem equipes de professores muito bem qualificadas e focadas sempre no ENEM. João Bento da Costa, Major Guapindaia, Tiradentes, dentre muitas outras, são escolas públicas, mas de ponta. “Não ficam devendo muita coisa às caras escolas particulares”. Pena que o Poder Público pague um salário tão miserável a esses profissionais. Pena que a sociedade brasileira como um todo insista, em pleno século XXI, em não valorizar a Educação e o saber. E todos os anos “os meninos do JBC” mostram que é possível mudar: eles estudam e fazem a diferença. Já pensou se no João Bento da Costa, e nestas outras escolas públicas também, a garotada tivesse aulas em período integral com pelo menos 250 dias letivos ao ano? Já pensou se em vez de fundo eleitoral e salário para político ladrão, esse dinheiro fosse levado para essas escolas? Sonhei. Mas obrigado, meninos!
*Foi Professor em Porto Velho.
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Comentários
Emocionante abordagem do Professor Nazareno, acerca de sua vida profissional no estado de RO, desde 1981. Foram 39 anos de dedicação exclusiva à Educação em Porto Velho, atuando como Diretor de Escola e Professor. Ele agradece aos milhares de meninos (alunos e alunas) que passaram pelas suas mãos de Educador com excelência. O Texto deve ser lido e relido por todos os ex-alunos e ex-alunas do reverenciado mestre, para que jamais se esqueçam das brilhantes lições na área de Língua Portuguesa e Redação, bem como as lições de vida, sempre direcionadas aos alunos. Talvez, muito talvez, os ferozes críticos dos textos marotos e incisivos de Nazareno, (que buscam fazer pensar, mexer com os brios, engajar-se socialmente, sacudir aos acomodados e promover o debate), passem a refletir um pouco sobre as ofensivas críticas dirigidas ao Nazareno. Não que ele se aborreça com isso! Mas as celeumas criadas, por vezes, extrapolaram ao senso do razoável. Mas nada que faça o nobre educador recuar de sua função de educar.
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