(*) Valdemir Caldas

Um dos aspectos mais ilustrativos da perversidade com que se vem conduzindo a administração deste País relaciona-se aos aposentados e pensionistas da Previdência Social. Sai ministro, entra ministro, repete-se sempre a mesma e absurda cantilena, qual seja a de que faltam recursos para pagar pensões e proventos legalmente constituídos. Paralelo a isso, apresentam-se as mais ridículas desculpas para o sofrimento imposto aos que buscam serviços nas unidades de atendimento.

A realidade é reveladora apenas parcialmente, como se todos os contribuintes se portassem da mesma forma. Fato é que, sendo descontada dos salários dos contribuintes empregados, a parte que lhes corresponde logo chega aos cofres públicos. A contribuição da outra parte, porém, essa registra altos índices de inadimplência, motivo pelo qual, rotineiramente, o sistema previdenciário encontra-se à beira do abismo, como afirmam alguns ditos especialistas no assunto. O pior é que o governo sabe disso, mas não toma nenhuma providência concreta para recuperar as fabulosas importâncias de que tanto carece o setor previdenciário, preferindo empurrar o problema com a barriga, já que é mais cômodo arrancar a última tira de couro das costas do contribuinte, sempre à volta com uma infinidade de impostos, taxas e contribuições. Na hora de pegar os pequenos contribuintes, os burocratas do governo são ágeis no gatilho, mas na hora de apertar o cerco aos tubarões...

Certo mesmo é que tanto a troca de governos quanto de ministros não conseguiu mostrar medidas que de alguma maneira contribuíssem para, pelo menos, minimizar os crônicos problemas do sistema. Se houve alguma alteração, foi na direção de agravar a situação. Temos um novo governo e um novo ministro. Agora, dizem os comensais palacianos, novas perspectivas se abrirão. Esse é o desejo, se não todos, mas, com certeza, da maioria da população brasileira.