PGR e STF preparam o bote sobre Bolsonaro e seu clã com ações da PF contra Ramagem, Jordy, e novas que virão

Clã Bolsonaro vê cerco se fechar em torno da denúncia que virá dura e cabal por idealizar e estruturar o financiamento e estimularem atos antidemocráticos

Luís Costa Pinto
Publicada em 26 de janeiro de 2024 às 18:01
PGR e STF preparam o bote sobre Bolsonaro e seu clã com ações da PF contra Ramagem, Jordy, e novas que virão

Flávio, Carlos, Jair, Eduardo e Jair Renan Bolsonaro (Foto: Reprodução/X/@BolsonaroSP)

Quando assumiu a responsabilidade sobre o inquérito e as denúncias decorrentes das investigações pelos atos antidemocráticos que tentavam abolir o Estado Democrático no dia 8 de janeiro de 2023, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, elogiou o trabalho que tinha sido feito até ali pelo subprocurador Carlos Frederico Santos e, ato contínuo, solicitou à equipe da PGR que acelerasse os procedimentos que estavam pendentes. O objetivo, já pactuado com o ministro Alexandre de Moraes, é encerrar todos os procedimentos investigatórios até o final de abril - no mais tardar. Isso permitirá que uma denúncia bem roteirizada, fundamentada, alicerçada em provas materiais e delações como a do tenente-coronel Mauro Cid possa ser apresentada ao Supremo Tribunal Federal até agosto. 

Já há certeza, entre procuradores e assessores do STF que trabalham no caso, do protagonismo que Jair Bolsonaro terá nessa denúncia. Ele surge, nos esboços prévios, como idealizador, formulador, açulador via redes sociais e aparato público e privado de comunicação, articulador de financiamento e beneficiário final de todas as tentativas violentas de abolição do Estado de Direito tentadas entre 2021 e 2023 no Brasil. O golpe dado (e derrotado) em 8 de janeiro do ano passado foi o ápice dos estratagemas boçais de Bolsonaro, de seu clã e dos bolsonaristas que atuavam a soldo desses empresários sabujos ou apenas por diletantismo.

A operação de busca e apreensão contra o deputado Carlos Jordy, líder do PL na Câmara, é fruto do pedido de aceleração de procedimentos feito por Gonet ao seu pessoal. Jordy, o PL, Jair Bolsonaro e seus filhos sentiram o golpe. A operação desta quinta-feira, contra Ramagem, é fruto do curso natural das águas de rios afluentes que correm na direção do rio maior a fim de rumarem todos para o mar. O inquérito contra Ramagem e outros integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi aberto a fim de apurar espionagens e monitoramentos ilegais efetuados contra políticos, jornalistas e ONGs que se posicionavam na resistência aos arreganhos antidemocráticos de Bolsonaro. O mesmo esquema, dentro da Abin, agiu a favor dos filhos do ex-presidente e de de seus amigos empresários a favor de negócios ou da elaboração de dossiês que os auxiliassem a ganhar dinheiro e processos. Como investigadores, procuradores e policiais federais se comunicam, dialogam e compartilham informações, as duas ações se conectaram: a PGR passou a beber na fonte das espionagem ilegais do ex-chefe da Abin alçado a um mandato de deputado federal, conexões possíveis com os atos antidemocráticos de 2021, 2022 e com o golpe do 8 de janeiro de 2023. 

A partir dessa produtiva visão panorâmica de provas, delações e fatos conexos colocados lado a lado numa espécie de “mind map” (mapa mental) do Ministério Público, da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal, os fatos vão se conectando. Os CPFs dos satélites do bolsonarismo vão se ligando aos cargos que ocuparam na passagem de Jair Bolsonaro pela presidência e tudo vai sendo conectado com golpes frustrados ou executados no período. Uma fotografia térmica imaginária tirada desse mapa mental formado pelos fragmentos das investigações e inquéritos que ora se juntam revela: no epicentro de tudo, vermelho como um camarão GG cozido, está Jair Messias Bolsonaro. Outras operações da PF, a pedido da PGR e autorizadas pelo STF virão nos próximos dias. Serão desencadeadas contra ex-ministros, ex-auxiliares e mesmo familiares do ex-presidente que o ajudaram na tentativa de turvar e curvar a Democracia brasileira. Sejam parlamentares, ou não. Os 00, 01, 02, 03 e 04 do seu clã são coadjuvantes, mas, sobrará sal para seus respectivos lombos. O bote final está a caminho, num movimento de pinça, e todos figurarão na denúncia por tentativa de abolição do Estado Demcorático de Direito. 

Luís Costa Pinto

Luis Costa Pinto, jornalista, diretor da sucursal Brasília do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

Comentários

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    José 29/01/2024

    Perseguição política, não posso afirmar que não devem , mas e os outros ?

  • 2
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    Aristides Feitosa 29/01/2024

    Lugar de bandido é na cadeia... O clã bolsonaro (minúsculo) tentou enquadrar o Brasil todo sob a influência nefasta de sua milícia nojenta. Ainda bem que a boiada que dava sustentação a essa milícia carioca acordou em parte, jogando no lixão essa bandidagem nas últimas eleições.

  • 3
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    celia nunes 28/01/2024

    É o minimo que pessoas decentes podem esperar do STF/MP/ e justiça de um modo geral, porque esperamos ainda que paguem todo prejuizo com a destruição que fizeram na capital federal. Eleição ganha-se com votos e não querendo mudar o jogo depois de jogado. Essa gente desde o instante que conseguiram vencer a eleição em 2018 demonstrou bem o que queriam. Sendo muito sincera, desconfio da tal facada em Juiz de Fora. Algo ali está errado.

  • 4
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    Carlos 28/01/2024

    A quadrilha da foto não vai pra cadeia, e tem-se um monte de adoradores desses capetas.

  • 5
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    Cláudio 27/01/2024

    Maravilha de matéria, esclarecedora e objetiva, muito bom.

  • 6
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    sebastian 27/01/2024

    Jornalecos militantes, comunistas adoram, quando o tal Lessa apontou o mandante do crime da tal Marielle, todos ficaram quietos, ninguém se manifestou, claro isso não pode acontecer, o tal mandante é ligado à turminha que ora estão no poder, mas quando se fala do ex-presidente os jornalecos militantes ficam de plantão.

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