PM assessor de Flávio tem boom patrimonial e metade em dinheiro vivo
É o que apontam as declarações de Imposto de Renda do tenente-coronel reformado, referentes aos anos de 2014, 2015 e 2016.
O policial militar reformado Wellington Sérvulo Romano da Silva, ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), declarou em 2016 ter mais da metade de seu patrimônio em dinheiro vivo. Ele teve salto patrimonial de mais de 1.000% no período em que atuou com o então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. É o que apontam as declarações de Imposto de Renda do tenente-coronel reformado, referentes aos anos de 2014, 2015 e 2016.
De acordo com reportagem dos jornalistas Catia Seabra e Italo Nogueira, publicada no jornal Folha de S.Paulo, "o tenente-coronel reformado ficou lotado junto a Flávio de abril de 2015 a setembro de 2016. Inicialmente estava vinculado ao gabinete da vice-liderança do PP, ocupada à época por Flávio. Um ano depois foi transferido para o próprio gabinete do então deputado e demitido em setembro".
"Neste mesmo período, segundo as informações enviadas à Receita Federal, Sérvulo aumentou seu patrimônio declarado de R$ 9.273,37, no fim de 2015, para R$ 103.291,47, em dezembro de 2016. O aumento se deveu principalmente aos R$ 55 mil em dinheiro vivo que ele declarou como bem em 2016. Em 2014, ele havia declarado um patrimônio de R$ 83.265,92, sendo R$ 50.407 referente a um veículo vendido naquele ano. No ano anterior, o patrimônio do PM era de R$ 89.928. Nestes dois anos, ele declarou ter R$ 15 mil em espécie, valor que não apareceu no Imposto de Renda de 2015", destaca a matéria.
"Segundo os documentos obtidos pela Folha, o ex-assessor de Flávio teve rendimento de R$ 285,9 mil em 2016. A maior parte refere-se ao salário da PM (R$ 239,4 mil), que se somou aos vencimentos da Assembleia (R$ 46,5 mil)", continua.
Sérvulo foi um dos 95 alvos das quebras de sigilos fiscal e bancário autorizadas pelo Judiciário do Rio na investigação do Ministério Público (MP-RJ) contra Flávio e seu ex-assessor Fabrício Queiroz. De acordo com a Promotoria, há indícios de prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa de 2007 a 2018 no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro na Alerj, onde exerceu por 16 anos o mandato de deputado estadual.
Um dos elementos suspeitos é a movimentação de dinheiro vivo entre ex-assessores do senador.
De acordo com o Ministério Público, o PM reformado também é suspeito de ser um funcionário fantasma de Flávio. Ele esteve por 226 dias no exterior no período em que esteve lotado no gabinete do então deputado estadual --quase metade do intervalo.
Segundo os promotores envolvidos no caso, há indícios de que os funcionários fantasmas eram uma forma de ampliar o desvio das remunerações do gabinete de Flávio.
Sérvulo já era alvo do Ministério Público desde a produção do relatório do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) que apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
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