Por que nenhum pré-candidato falou até agora no terceiro setor?

O despreparo é mais do que evidente. O atropelo das leis salta aos olhos. A imbecilidade administrativa se sobrepõe ao compromisso com os princípios constitucionais da Administração Pública

Edson Lustosa
Publicada em 16 de julho de 2022 às 19:20
Por que nenhum pré-candidato falou até agora no terceiro setor?

A pior coisa que pode acontecer a um governo é se distanciar da sociedade. Não das chamadas bases eleitorais que o guindaram ao poder, mas da sociedade para a qual existe. Não há outra razão de ser para a constituição de um estado (aqui com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo comum e não um nome oficial), que não seja atender os interesses sociais.

Nesse sentido, cumpre observar a importância crescente das relações entre os governos, de todas as esferas, e as organizações do chamado “terceiro setor”, aquele setor sem some, que se identifica pela negativa de identificação com os dois primeiros: o público, governamental, estatal; e o privado, particular, empresarial. Mas é esse “terceiro” que por vezes é o primeiro na apresentação de soluções para os dois outros.

No que se refere ao setor empresarial, têm sido por vezes as organizações do terceiro setor que têm impulsionado a economia solidária, o comércio justo, dando oportunidades ao micro e pequeno empreendedor, promovendo arranjos produtivos sustentáveis e abrindo-lhes as portas da comercialização. Bem como qualificando sua mão de obra.

No que se refere ao setor público, é ainda mais evidente o papel proativo das organizações do terceiro setor, apresentando projetos de interesse social, não apenas na área assistencial, que lhes é mais tradicional, mas também em diversas outras áreas voltadas à promoção da qualidade de vida, nas suas várias dimensões.

Infelizmente falta por parte dos governos uma atenção devida para suas relações com as organizações do terceiro setor. E isso nem tanto no que se refere a essas relações em si, mas no investimento interno, em capacitação e treinamento de agentes públicos, para que atuem de forma eficiente, eficaz e efetiva no trato das pactuações entre governos e tais organizações.

O despreparo é mais do que evidente. O atropelo das leis salta aos olhos. A imbecilidade administrativa se sobrepõe ao compromisso com os princípios constitucionais da Administração Pública. Raras são as iniciativas de agentes políticos voltadas a, no mínimo, fazer com que os governos parem de atrapalhar as organizações do terceiro setor.

A idealização de um estado mínimo não pode se voltar apenas a atender ao liberalismo econômico, é necessário que ela contemple também o crescimento e aprimoramento dos trabalhos desenvolvidos pelas organizações do terceiro setor, com suas iniciativas eminentemente sociais. Governantes inteligentes não hesitariam em reconhecer isso. Mas parece ser exatamente essa nossa principal carência hoje.

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