Precarização do trabalho através do programa 'Amigo Voluntário do Educando'

Os trabalhadores e trabalhadoras em educação têm feito críticas à iniciativa, que representa a precarização das relações de trabalho e a mercantilização da Educação pública

Assessoria
Publicada em 25 de abril de 2022 às 15:26
Precarização do trabalho através do programa 'Amigo Voluntário do Educando'

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) publicou por meio do Edital nº 09/2022, o programa "Amigo Voluntário do Educando". O processo administrativo visa selecionar 555 novos candidatos para cooperar nas atividades de auxílio de preparo na alimentação, limpeza do espaço escolar e de auxílio em sala de aula na Rede Pública de Ensino. Os trabalhadores e trabalhadoras em educação têm feito críticas à iniciativa, que representa a precarização das relações de trabalho e a mercantilização da Educação pública.

A oferta é feita para diversos municípios do Estado e terá validade de 12 meses. Em contrapartida, os voluntários receberão ajuda de custo diária no valor de R$27, para cobrir despesas com alimentação e transporte. O Sintero analisa a medida com preocupação, visto que, o serviço voluntário além desvalorizar o trabalho desenvolvido pela categoria, dispensa qualquer obrigação de natureza trabalhista.

É de conhecimento de todos que os trabalhadores e trabalhadoras em educação atuam nas escolas com rotinas exaustivas, com péssimas condições de trabalho e salários inadequados. Ao longo da história, a união, a força e a resistência dos profissionais em Educação foram essenciais para que alguns avanços fossem conquistados, entre eles, o ingresso através de concurso público. Através desse processo, foi possível viabilizar o reconhecimento e valorização da categoria por meio da carreira, ainda que esteja longe de ser o ideal.

Por meio do projeto “Amigo Voluntário do Educando”, a Administração Pública demonstra que não tem respeito pela classe trabalhadora, pois autoriza que cidadãos atuem nas escolas sem ao menos terem recebido formação para tal. Com isso, se exime da responsabilidade de contratar novos servidores através de concurso público, investir em formação continuada e de conceder salário digno. Pelo contrário, promove a mercantilização da Educação, concedendo verdadeiras migalhas em troca de serviços destinados à população.

“A estratégia utilizada para suprir as lacunas que impedem a oferta de uma Educação pública de qualidade, de forma acessível e com respeito às diversidades, é falha e não representa o projeto político educacional que o povo rondoniense merece. Bem como, fere a luta e as conquistas asseguradas pelos trabalhadores e trabalhadoras em educação, em favor de respeito e reconhecimento profissional”, disse Lionilda Simão, presidenta do Sintero.

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