Resenha Política, por Robson Oliveira

O jogo da sucessão municipal vale de verdade depois das convenções. O resto é lorota!

Robson Oliveira
Publicada em 10 de março de 2020 às 13:30

INDIGNAÇÃO

Os cafeicultores do estado estão revoltados, e com razão, pela exclusão apenas de Rondônia do reajuste em 15% na tabela do preço do café conilon, em (quase) todo país. O Ministério da Agricultura (MAPA) foi o responsável por estabelecer o aumento e por retirar da tabela o café produzido em Rondônia sem uma explicação plausível. O conilon é a espécie de grão que se adaptou bem ao solo rondoniense o que elevou o estado à condição de grande produtor. A exclusão causou indignação nos produtores, em particular contra a inércia das autoridades políticas estaduais.

SIAMESES

Na campanha eleitoral o coronel Marcos Rocha usou e abusou do mantra de que os problemas do estado que necessitassem de ajuda do governo federal seriam resolvidos na camaradagem, em razão de uma suposta relação de amizade com o capitão Jair Bolsonaro, presidente da república. A ideia que passava ao eleitor era de uma relação siamesa, mas, ao que parece, não era verdade. Várias questões administrativas de interesse de Rondônia, e que poderiam ser resolvidas com uma caneta presidencial, o coronel não tem sucesso.

INÉRCIA

A agilidade nos processos da transposição, dívida do Beron e, agora, a exclusão do estado no aumento da tabela do conilon, são exemplos clássicos da inércia política do governo estadual, além da bancada federal. Sobre a falta de apoio do governo federal, é possível deduzirmos que a amizade tão explorada em campanha entre o coronel e o capitão era pura lorota. Amigo e irmão camarada acolhem um ao outro nas dificuldades. As de Rondônia são imensas.

TRAMPOLIM

Aliás, em se falando no processo da transposição, é um tema explorado politicamente em todas as eleições desde 2009. Tem sido um processo lento, moroso e cruel para quem aguarda uma solução administrativa que definirá seu futuro profissional. A coluna foi aos bastidores e descobriu que há mesmo uma embromação proposital de tecnocratas que criam obstáculos nas análises dos processos para atender interesses políticos inconfessáveis. O que não falta são os manipuladores que usam o tema e a angústia do servidor como trampolim para as ambições políticas.

ECONOMIA

A crise mundial que afeta os mercados internacionais é a prova de fogo para o falante ministro da economia Paulo Guedes. Mais de 40 bilhões das nossas reservas foram usados para tentar conter a escalada do dólar e impedir a quebradeira das bolsas. Quando a economia vai mal o governo padece, é assim aqui e alhures. Esta crise tem característica cascata. Discurso cascateiro não conterá o abismo e nem segura também ninguém.  

ENQUETE

Em momentos pré-eleitorais, como agora, é comum que vejamos todo tipo de enquete aferindo a popularidade dos nomes que circulam nas mais variadas mídias digitais para as eleições municipais. A enquete, devido à carência de instrumentos científicos, não afere bulhufas nenhuma, em particular a preferência do eleitor. Apenas anima as torcidas dos prováveis candidatos e infla os egos dos pesquisados. Quanto aos números tabulados, acredita quem quiser. A ilusão reacende esperanças nos períodos pré-eleitorais. O jogo da sucessão municipal vale de verdade depois das convenções. O resto é lorota!

OPÇÕES

O professor universitário e ex-candidato a governador Vinícius Miguel ainda não definiu o futuro político a seguir este ano. Há duas probabilidades: disputar as eleições municipais da capital ou ser candidato a reitor da Universidade Federal de Rondônia. Em ambos casos, é um nome com capilaridade política capaz de surpreender outros mais badalados. Nas eleições estaduais passadas, exceto o fenômeno Bolsonaro que catapultou um desconhecido coronel ao cargo de governador, Vinícius surpreendeu com a maior votação na preferência dos eleitores da capital. Uma opção em que o eleitor percebeu como renovação na política sem discursos ideológicos atrasados nem em desuso.

Vice, nunca!

O professor Vinícius avalia com tranquilidade as probabilidades eleitorais e, em uma conversa franca com este cabeça chata, a única decisão é que não vai aceitar proposta para coadjuvar campanha de ninguém. Há muitos convites para que ele aceite ser vice-prefeito. São convites oportunistas de olho gordo no eleitorado jovem que compreendeu as propostas do professor e a capilaridade acumulada nas eleições estaduais passada são credenciais suficientes  para pleitear o cargo de prefeito. Se vai repetir o mesmo desempenho, saberemos após as urnas apuradas. Nada adiantará os espertos fazerem as previsões cabalísticas contrárias. Se tiver juízo: vice, Vini, nunca!

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