Resenha Política, por Robson Oliveira

O prefeito de Porto Velho, Dr. Hildon Chaves (PSDB), está absolutamente correto ao declarar que é a favor de um isolamento mais rigoroso como estratégia de achatar a curva ascendente do corona

Robson Oliveira
Publicada em 24 de junho de 2020 às 08:13
Resenha Política, por Robson Oliveira

ENGALFINHANDO

Embora a população de Guajará-Mirim, assustada com o número de infectados e de óbitos em razão do coronavírus, exija que as autoridades estaduais, em particular o governo, resolvam definitivamente, apesar de tardiamente, os impasses burocráticos e financeiros da obra do hospital,o governador e coronel Marcos Rocha e o deputado federal Coronel Crisóstomo trocam farpas publicamente se esquivando das responsabilidades. Enquanto um desmente o outro, o número de óbitos no município aumenta por falta de uma unidade hospitalar para socorrer os pacientes.

LIVE DA MENTIRA

Os impropérios trocados entre os coronéis ocorreram depois de uma live feita pelo coronel Crisóstomo garantindo que havia colocado uma emenda parlamentar no orçamento federal destinada à conclusão do hospital de Guajará. Segundo o coronel Rocha, a verba nunca chegou e que a informação da liberação dada pela live era mentirosa. Numa live anterior o parlamentar – único do PSL eleito na chapa do governador -, já havia feito ilações colocando em dúvida a boa aplicação dos recursos destinados ao combate do covid-19 pela Secretaria de Estado da Saúde. Com a desavença, cheia de desmentidos, resta sabermos aquele que fala a verdade. Apesar de que o que importa são os recursos.

SINECURAS

Não bastassem as críticas da letargia política em tempos de pandemia em que está envolto o governo, há críticas do terceiro setor quanto à Secretaria de Assistência e do Desenvolvimento Social Estadual (SAES), administrada pela primeira dama Luana Nunes de Oliveira Santos. Na semana passada, representantes de entidades não governamentais requereram uma inspeção ao Tribunal de Contas para averiguar a quantidade exagerada de cargos comissionados na estrutura funcional, além da qualificação (ou falta) dos nomeados para exercerem as funções técnicas, eventualmente não possuindo as habilitações adequadas. Pela denúncia, a SAES teria virado uma sinecura entre amigos do rei, ou, como se comentam a boca miúda, da rainha.

INDAGAÇÕES

Não tenho dúvidas que o TCE será diligente na inspeção em relação estas sinecuras, em especial no âmbito da SAES. Algumas indagações vão ter que restar esclarecidas, por exemplo: quantos servidores de livre nomeação são filiados ao partido de sustentação governamental (evita aparelhamento), qual percentual de funções e cargos comissionados em relação aos efetivos (para verificar se está dentro dos parâmetros da proporção com os servidores carreira), quais os controles intrínsecos na escolha para nomeação e, portanto, estão aptos para desempenharem as funções correspondentes. 

LOCKDOWN

O prefeito de Porto Velho, Dr. Hildon Chaves (PSDB), está absolutamente correto ao declarar que é a favor de um isolamento mais rigoroso como estratégia de achatar a curva ascendente do corona. É a única estratégia utilizada com sucesso por todas as cidades que conseguiram domar a pandemia e começam a abrir as atividades comerciais e de entretenimento. Tanto em Porto Velho como na maioria das cidades brasileiras, houve uma pressão forte do empresariado em sentido contrário. Entretanto, os alcaides que deram ouvidos aos especialistas da saúde – únicos capazes de avaliar a situação – e optaram por um lockdown de verdade, colhem agora os louros. Manaus, Fortaleza e São Luiz são exemplos exitosos que comprovam que o caminho a ser adotado é o isolamento rigoroso. Hildon está correto por seguir as recomendações dos especialistas da saúde.

INFECÇÃO

Quem defende a liberação das atividades econômicas sob a alegação de que o desemprego vai ser proporcional à pandemia, não revela totalmente a verdade porque os índices do desemprego já são altos e vão se agravar de qualquer forma em 2021 em razão da retração da economia mundial que, de acordo os especialistas da área, chegarão aos seis pontos percentuais negativos.  

ECONOMIA

Assim como a população foi surpreendida pela pandemia, o coronavírus afetou também as eleições municipais e quase ninguém tem mais um roteiro fechado a seguir como fórmula política para apresentar à sociedade, embora a saúde pública seja a princípio um tema a dominar todos os debates. Vários pré-candidatos estão repensando as estratégias e, muitos deles, as próprias candidaturas. Em qualquer cenário que se desenhe é pule de dez acertar que 2021 a economia estará na UTI entubada e exigirá das autoridades políticas muita habilidade e coragem para que os sinais de vitalidade retornem o mais breve possível.

REELEIÇÃO

O prefeito de Ariquemes, Thiago Flores, por exemplo, antecipou-se à crise sanitária e anunciou que não é candidato à reeleição, mesmo com uma boa avaliação administrativa. O prefeito da capital, Hildon Chaves, ainda não revelou se é candidato à reeleição. É possível que já tenha tomado a decisão, mas avalia ainda o melhor momento para anunciar. Hildon tem repetido aos amigos próximos que o compromisso atual é reunir as energias para combater o Covid e que qualquer decisão sobre reeleição ficará para depois.

AVALIAÇÃO

Este cabeça chata aposta pelo cenário atual – política é como nuvem que muda conforme o vento – avalia que é grande a chance de Chaves desistir de disputar a reeleição. Perguntado, ele desconversa. Como intuição é intuição, nesta cabeça nordestina a aposta é que não. E não sendo, são por razões exclusivamente de exaustão pessoal, visto que as probabilidades seriam alvissareiras.

HIPÓTESE

A confirmar em breve que o prefeito da capital opte em não disputar a reeleição, o nome que volta à evidência e com boas chances de viabilidade é do ex-governador Daniel Pereira. As acusações que envolviam o nome do ex-governador com malfeitos na secretaria de meio ambiente foram ao limbo após uma série de reportagens com o vazamento de áudios de um grupo fechado de autoridades policiais revelando supostamente que as investigações visavam atingir efetivamente Pereira sem que restasse claro o nexo causalidade entre os malfeitos investigados e o ex-governador.

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