Simpósio em Arboviroses e Malária na Amazônia Ocidental apresenta avanços em pesquisa e mudanças no acompanhamento de casos

O simpósio também abordou uma das principais arboviroses em expansão no Brasil, a Chikungunya, que só na região Norte teve mais de 9.300 notificações, em 2018.

José Gadelha/Fotos: Arquivo Secom e Arquivo Fiocruz RO
Publicada em 28 de março de 2019 às 14:33
Simpósio em Arboviroses e Malária na Amazônia Ocidental apresenta avanços em pesquisa e mudanças no acompanhamento de casos

Lâmina com sangue coletado para diagnóstico da malária

Um dia inteiro dedicado ao debate e apresentação de resultados de pesquisas realizadas sobre as arboviroses e Malária, em diferentes regiões do país. Avanços no diagnóstico e tratamento, além dos desafios para o controle da Dengue, Zika, Chikungunya e Malária foram o foco do evento, realizado na última quinta-feira (21), no auditório do Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero), em Porto Velho.

O médico e pesquisador Mauro Tada, diretor do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem), apresentou um panorama da malária no estado, abordando questões históricas de evolução da doença, estudos epidemiológicos, e perspectivas para o controle da malária em Rondônia. De acordo com o pesquisador, o estado chegou a concentrar, no fim da década de 80, cerca de 300 mil casos de malária. Dados epidemiológicos mostram que a Malária diminuiu, ao longo dos anos, mas nos últimos dois anos houve um aumento do número de casos no Estado. A implementação de um novo tratamento de cura radical da malária Vivax foi o tema da palestra do médico do Cepem e docente do curso de Medicina da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Dhélio Pereira Batista. A proposta foi apresentar os avanços em pesquisa e mudanças de estratégias no acompanhamento de casos, métodos de diagnóstico, educação em saúde, entre outros temas de interesse de acadêmicos e profissionais. Ainda sobre o tema, Lis Ribeiro do Valle Antonelli, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais (Fiocruz/MG), trouxe os resultados de suas pesquisas com foco em doenças infecciosas.

O simpósio também abordou uma das principais arboviroses em expansão no Brasil, a Chikungunya, que só na região Norte teve mais de 9.300 notificações, em 2018. Enquanto a região Sudeste registrou o maior número de notificações da doença, somando 52.966 registros, no mesmo período. Em todo o país, no ano passado, foram realizadas 87.687 notificações de Chikungunya, segundo dados apresentados pelo pesquisador e coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz do Rio de Janeiro, Rivaldo Venâncio da Cunha. Aspectos epidemiológicos, classificação de risco, e o excesso de mortes por Chikungunya foram explanados pelo pesquisador. “Entre os anos de 2015 e 2017, a doença foi marcante na região Nordeste. Agora, ela começa a se deslocar para as regiões Sudeste e Centro-Oeste”, destacou o pesquisador, afirmando que os conhecimentos científicos sobre arboviroses como Zika e Chikungunya ainda estão em construção.

Larvas do mosquito Aedes aegypti criadas no Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários

Outro importante estudo foi apresentado pelo pesquisador em Saúde Pública e vice-diretor de Pesquisa do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz/AM), Felipe Gomes Naveca. O pesquisador abordou a ocorrência dos vírus Mayaro e Oropouche, duas arboviroses com históricos de casos confirmados no Brasil. Vale ressaltar que os sintomas da febre Oropouche são muito parecidos com os da dengue, o que acaba dificultando o diagnóstico.

Ações relevantes para o controle de vetores transmissores das arboviroses foram abordadas pelos doutores Gabriel Sylvestre Ribeiro, pesquisador da Fiocruz/RJ e Genimar Rebouças da Fiocruz/RO. Atualmente, estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, buscam reduzir a quantidade de Aedes aegypti, capazes de transmitir a Dengue, Zika e Chikungunya, com a utilização do microrganismo Wolbachia, que já está presente naturalmente em insetos, como abelhas e borboletas. No contexto de controle vetorial, foram mostrados os resultados de pesquisas que estão em andamento no Laboratório de Entomologia da Fiocruz – RO, enfatizando o mapeamento de regiões de risco potencial.

Panorama das arboviroses em Porto Velho

Os desafios para o controle e diagnóstico das arboviroses, no município de Porto Velho, também receberam atenção no evento.  A capital do estado, que tem uma população estimada de 519.531 habitantes, conforme dados do IBGE (2018), e extensão territorial de mais de 34 mil quilômetros quadrados, é dividida em regiões de monitoramento, pela secretaria municipal de Saúde, sendo o Levantamento do Índice Rápido para o Aedes aegypti/LIRAa, importante ferramenta para a uma verificação mais precisa sobre as áreas que demandam ações de emergência, no controle das arboviroses. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho (Semusa), Régia Martins, pontuou as principais ações desenvolvidas pelo município como atividades de educação em saúde, diagnóstico e tratamento.

Para o diretor da Fiocruz/RO, Jansen Fernandes Medeiros, o Simpósio teve o objetivo de integrar instituições voltadas à pesquisa e ensino, secretarias de estado e município, para que ações coordenadas sejam desenvolvidas, no estado, com foco no controle das arboviroses e malária. Vale ressaltar que o conhecimento compartilhado pelos pesquisadores, de diferentes regiões do país, em suas áreas de atuação, será extremamente relevante para as atividades do dia a dia desses profissionais e acadêmicos. Já para os participantes do Simpósio “o evento foi uma grande oportunidade, porque foram discutidos temas com foco nas principais arboviroses do país, além disso, foram debatidos os reflexos dessas doenças que provocam tantos prejuízos para a saúde pública, aqui na Amazônia”.

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