1976 – UMA EXPERIÊNCIA DE VOTO DISTRITAL EM RONDÔNIA

Os candidatos eram apenas da Arena, de sustentação do Governo – no Território na maioria das vezes isso não vogava, e do MDB, a chamada “oposição consentida”

Lúcio Albuquerque
Publicada em 23 de junho de 2022 às 21:02
1976 – UMA EXPERIÊNCIA DE VOTO DISTRITAL EM RONDÔNIA

Osmar Vilhena, em 1972 elegeu toda a bancada do MDB e perdeu mandato por fazer "sombra" ao cacique Jerônimo Santana

Até novembro de 1977 Rondônia contava apenas dois municípios, Porto Velho, que se estendia do Abunã até à divisa com o Estado de Mato Grosso, e Guajará-Mirim, na região dos rios Mamoré e Guaporé, abrangendo áreas de alguns (hoje) municípios ao longo da BR-429.

A Câmara de Porto Velho, cujas eleições não aconteciam desde a década de 1920 e foram retomadas em 1969, teve naquele ano e depois em 1972 apenas vereadores moradores da sede municipal.

Em 1969, num período em que para exercer qualquer função em órgão público os órgãos de segurança faziam uma devassa na vida do cidadão, o jornalista Dionísio Xavier da Silveira, membro do Partido Comunista, foi um dos eleitos, pela Arena, partido do governo.

Na eleição de 1972, o radialista Osmar Vilhena, sozinho, fez votos suficientes para que o MDB elegesse cinco. E logo depois, com possibilidade de Osmar fazer sombra ao “Cacique” Jerônimo Santana, o próprio partido que devia ser maioria graças a Osmar, articulou e conseguiu sua cassação.

Em 1972 outro também do PCB foi eleito, Cloter Mota, reeleito em 1976 e que em 1982 foi eleito para escrever a primeira Constituição estadual. 

Em 1976 Porto Velho teve uma espécie de “eleição distrital”, à moda rondoniense. Os candidatos eram apenas da Arena, de sustentação do Governo – no Território na maioria das vezes isso não vogava, e do MDB, a chamada “oposição consentida”.

Naquele ano pela primeira vez se fez sentir a voz do novo rondoniense, migrantes que entraram pela BR-364 e que vinham aos poucos ocupando espaços tanto na área social quanto, mudando, o direcionamento econômico com a inserção da agricultura em larga escala (plantando o que hoje é o agronegócio rondoniense) e o político.

Fechadas as urnas, contados os votos, para o período a se iniciar em 1977 na Câmara de Porto Velho, quando foram eleitos 14 vereadores, foi pela primeira vez composta com representantes das vilas que se estavam formando ao longo da BR-364 sentido sul.

Waldemar Marinho (Representante da Justiça Eleitoral), vereador João Bento e a vereadora Marise Castiel presidindo a posse da Câmara em 1977

A Arena elegeu seis vereadores, três do interior: Nunoi Itsumi (Vila Rondônia), João Cabral (Pimenta Bueno) e Osmar Costa (Vilhena). Da capital foram Marise Castiel (primeira mulher eleita em Porto Velho), João Bento da Costa (que em 1978 mudou para o MDB) e Antonio Leite da Fonseca.

O MDB trouxe quatro do interior: José Viana (Vila Rondônia), Noé Inácio dos Santos (Presidente Médici), João Dias (Ouro Preto), João Gonzaga (Cacoal). De Porto Velho o MDB elegeu Itamar Moreira Dantas, Abelardo Castro Filho, Cloter Mota, Paulo Strutos Filho.

O interior logo perdeu uma cadeira, porque Nunói Itsumi foi nomeado prefeito de Ji-Paraná renunciado à vaga na Câmara, assumindo o professor Amizael Silva, que fora vereador entre 1973 e 1977.

Lúcio Albuquerque
Repórter e pesquisador da história pós visita de Getúlio Vargas (1940)

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