A Alexandre o que é de Alexandre
"A única pessoa neste país que conhece em todos os detalhes tudo o que já foi descoberto acerca dos delitos de Bolsonaro é Alexandre de Moraes", indica
Alexandre de Moraes (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
Quando o Brasil somava 140 milhões de habitantes, dizia-se que tinha 140 milhões técnicos de futebol. Todos tinham na ponta da língua quem deveria ser convocado para a seleção canarinho.
Hoje, tem 200 milhões de juristas.
Metade deles quer Bolsonaro preso já; a outra metade quer que ele não seja preso nunca.
No entanto, nenhum desses “juristas” conhece o inteiro teor das investigações a respeito do malfadado ex-presidente da República. Sabe apenas o que sai na imprensa e o que corre nas redes sociais.
É claro que é importante levar em conta o que sai na imprensa, mas a Justiça não se baseia no que as pessoas dizem aos jornalistas, e sim no que dizem à polícia e ao juiz.
Num interrogatório, nenhum policial ou juiz vai obrigar alguém a confirmar o que disse a um blog ou a uma revista. O que vale é o que o acusado ou testemunha diz nos autos. E ponto final.
O que sai na imprensa tem valor jornalístico e não jurídico.
A única pessoa neste país que conhece em todos os detalhes tudo o que já foi descoberto acerca dos delitos de Bolsonaro é o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Só ele sabe se já há provas suficientes para incriminá-lo e por quais crimes. Só ele sabe se há motivo para prisão preventiva.
Se não há fortes indícios de que o pior presidente da história do Brasil está intimidando testemunhas, destruindo provas ou planejando fugir do país, - o que só Alexandre sabe - o processo tem que seguir o trâmite determinado pela constituição, com direito ao contraditório e julgamento em todas as instâncias garantidas pelo estado democrático de direito. Leve o tempo que levar.
Há quem argumente que, se Lula foi condenado de forma ilegal, Bolsonaro deve receber o mesmo tratamento, como se um delito ao trâmite legal justificasse outro.
Esses “progressistas” se esquecem de que justamente por ter sido preso ilegalmente Lula foi libertado antes de cumprir a longa pena determinada pelos Torquemadas, o que também viria a acontecer com Bolsonaro.
Lula saiu da cadeia para o Planalto. O que foi muito bom para o Brasil.
Mas se acontecer com Bolsonaro, e ele voltar em 2030, será mais um desastre inenarrável.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
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