Envelhecimento exige mudanças no lar
Assim como a casa deve ser preparada para a chegada de um bebê, também os idosos precisam de modificações que aumentem sua segurança.
No Brasil, 700 mil novos idosos são incorporados todos os anos à pirâmide etária. Dizem que não há lugar melhor no mundo do que a nossa casa. Mas, de acordo com o Ministério da Saúde, 75% dos acidentes envolvendo idosos acontecem dentro de casa e por motivos que poderiam ser evitados. As pessoas se esquecem de que, assim como os pais preparam o lar para a chegada de um bebê, planejando evitar quedas, choques, queimaduras etc., também os adultos precisam preparar suas residências para quando a velhice chegar ou, melhor ainda, fazer modificações para que seus pais tenham boa qualidade de vida por mais tempo. Escadas íngremes, corredores mal iluminados e outras tantas barreiras podem levar uma pessoa diretamente para o hospital e encurtar uma vida bem vivida.
De acordo com a médica Graziela Moreto, diretora da Sobramfa Educação Médica & Humanismo, se usar escadas for imprescindível, deve haver corrimãos nos dois lados. “Esse é um item que deve estar presente em várias partes da casa, principalmente no banheiro. O idoso precisa estar seguro na hora de usar o vaso sanitário, tomar banho e se vestir. Em geral, também é importante eliminar desníveis de qualquer tipo que possam causar tropeços e quedas, principalmente nas áreas molhadas da casa, como cozinha e quintal. Excesso de móveis, tapetes e baixa iluminação também representam riscos que precisam ser corrigidos. Lâmpadas com sensor de presença são uma alternativa econômica para evitar problemas”.
Segundo a médica, as quedas representam a principal causa de perda funcional e ingresso precoce em residenciais de longa permanência para idosos. Também estão diretamente relacionadas ao aumento da morbidade e da mortalidade nessa faixa etária. “A queda é uma das principais causas de hospitalização e óbito em pessoas com mais de 65 anos. O indivíduo se vê com sérias limitações de movimentação, necessidade de ingerir vários fármacos e dependência de terceiros para realizar atividades que antes faziam parte de sua rotina. Com o tempo, ele vai perdendo a vontade de caminhar, de participar de eventos sociais, e em muitos casos esse cenário é seguido de depressão – o que acaba agravando seu estado de saúde. Por isso é tão importante fazer o possível para levar uma vida saudável e segura, principalmente onde ele passa a maior parte do tempo”.
Dependendo das circunstâncias, apesar de muita gente ter em mente que o melhor seria envelhecer na casa em que morou a maior parte da vida adulta, é recomendável se mudar para um lar planejado, sem escadas, com portas largas, pisos antiderrapantes, onde tudo o que precisa está à mão, sem necessidade de subir em bancos ou escalar móveis para alcançar um objeto qualquer. “Garantir o máximo de independência possível é contribuir para uma vida mais alegre, ainda que o idoso esteja enfrentando um tratamento longo e desgastante. É importante que não só ele, mas principalmente sua família, saiba que as habilidades e limitações de uma pessoa mudam com o passar dos anos, aceitando que chegará uma hora em que faltará força para abrir um vidro de conserva, agilidade para atender à campainha, ou mesmo que as pessoas precisarão falar mais alto e lentamente para serem compreendidas. Quando o ambiente é favorável e todos contribuem generosamente para atenuar esses pequenos inconvenientes, é possível superar obstáculos impostos pela idade com mais gosto pela vida”, diz a médica.
Fonte: Dra. Graziela Moreto, médica e diretora da Sobramfa Educação Médica & Humanismo – www.sobramfa.com.br
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