Eu, o Adilson e os sonhos de jovens repórteres

O objetivo desta postagem é lembrar do amigo Adilson Santos Silva, que, fotógrafo na época, estava lá no meio do mato comigo. Tínhamos a mesma idade. Éramos jovens repórteres cheios de sonhos

Rubens Coutinho/editor do Tudorondonia
Publicada em 12 de janeiro de 2021 às 21:58

A história desta foto. Eu tinha por volta de 17/18 anos quando o meu então empregador me designou para a missão de fazer reportagem favorável a uma mineradora multinacional que se declarava detentora da concessão de toda a área que hoje é a região do garimpo Bom Futuro e adjacências.

Quando eu era menino, morei em diversos setores ou colocações daquela mesma região. Meu finado pai era garimpeiro de cassiterita e trabalhou duramente na Mibrasa, Jacundá, Paranapanema, Taboca, Oriente Novo e Mineração Rondonia, dos saudosos Moacir Mota e Alexandre Balarez.

Estas colocações tinham nomes como Japiin, Cachoeirinha, Mamões, igarapé Preto...pois bem, minha missão era escrever uma reportagem defendendo a suposta concessão da mineradora, para estimular o Exército a intervir na área a favor da empresa e contra os garimpeiros manuais de cassiterita, acusados de invasão.

Na foto, sobre o barranquinho, estão eu (de sapato branco numa currutela de garimpo !!!) , o Adilson Indio, que nos deixou ontem, vítima da Covid 19, e um desconhecido. No buraco de lavra de cassiterita estão dois garimpeiros anônimos.  Quando os vi atolados na lama, trabalhando, me veio a imagem de meu pai nas mesmas circunstâncias. Voltei para a redação do jornal e escrevi um texto totalmente contrário ao que desejavam meus patrões.

A matéria não foi publicada e acabei escanteado, condenado a cobrir polícia por mais de uma década. Pena longa ! Mas o objetivo desta postagem é lembrar do amigo Adilson Santos Silva, que, fotógrafo na época, estava lá no meio do mato comigo. Tínhamos a mesma idade. Éramos jovens repórteres cheios de sonhos.

Os do meu amigo terminaram ontem aos 55 anos de idade. Os meus foram e vão se desvanecendo aos pouco ao longo da vida. Descanse em paz, meu amigo.

Winz

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Comentários

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    Mirian Franco 13/01/2021

    Bela homenagem ao Adilson com essa lembrança, Rubinho. A vida dos jornalistas esconde as agruras que nem sempre são expostas para a História da Imprensa. Muito boa gente era o Adilson. Convivi pouco com ele, somente nessas andanças entre as pautas, contudo pude apreciar sua simpatia cativante.

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