Ministra Carmén Lúcia fala sobre desigualdade de gênero em evento do TRT-RO/AC que abre atividades da semana da mulher

Esta é a primeira vez que uma ministra do STF palestra na Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (Ejud-14)

Secom/TRT14
Publicada em 08 de março de 2022 às 14:58
Ministra Carmén Lúcia fala sobre desigualdade de gênero em evento do TRT-RO/AC que abre atividades da semana da mulher

Pela primeira vez a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (Ejud-14) contou com a participação de uma ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), para proferir uma palestra que abriu as atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher. A 2ª Edição do evento Chá com Elas recebeu a ministra do STF, Carmén Lúcia Antunes Rocha, que falou sobre “A desigualdade de gênero e o caminho para a sua superação”. 

Carmén Lúcia lembrou momentos históricos, citando as duas Guerras Mundiais, as quais, segundo os registros, seriam uma lição para a humanidade, a motivar a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e a ratificar inúmeros tratados e convenções de direitos humanos. “É um momento para refletir sobre o mundo que deixaremos para nossas crianças e também para continuarmos a falar do direito à igualdade que está posto na Constituição Federal”, ressaltou.

Segundo a ministra, o dia 8 de março não é um dia exatamente de comemoração, mas reflexão sobre direitos fundamentais, direitos humanos e direitos da mulher. “Foram várias propostas para se ter um dia para chamar atenção e sensibilizar as pessoas sobre o direito das mulheres”, citou. 

A ministra lembrou o preconceito, a discriminação, a desvalorização e o silêncio que é imposto às mulheres. “Nós não somos uma unidade, pois temos mulheres em nosso país que não têm acesso a oportunidades de escolha sobre sua profissão, de criar seus filhos com dignidade, que são mais discriminadas do que nós”. Carmén Lúcia ponderou que “é necessário repensar sobre o que fazer e como agir em busca de uma transformação de quadro”. 

Ela  frisou ainda que, mesmo tendo maior responsabilidade, enquanto magistrada, pelas pessoas que estão mais próximas a ela, não se pode esquecer das mulheres que estão lutando para fugir e sobreviver a uma guerra que acontece longe do nosso território. “O dia 8 de março e nesta semana da mulher é um momento de comprometimento maior para pensarmos o que queremos, o que sentimos e o que estamos fazendo”, registrou.

Sobre o atual cenário da desigualdade de gênero, a ministra ponderou que ainda não existe um pleno acesso das mulheres aos seus direitos. Segundo ela, a trajetória do voto feminino e da candidatura das mulheres na política nacional comprova o argumento. “A Constituição estabeleceu a democracia, seus princípios e os objetivos da República. Construir uma sociedade livre, justa e igualitária. O princípio da igualdade estampado na Constituição ainda não ocorreu”, afirmou. 

Apesar da Escola Judicial ter garantido a participação da primeira ministra do STF como palestrante, essa não é a primeira vez que um ministro do Supremo "visita" o Regional. Em 2006, o TRT recebeu a então presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Ellen Gracie, ocasião em que foi recebida pelo vice-presidente do TRT-14 na época, desembargador Carlos Augusto Gomes Lôbo, que estava no exercício da Presidência.

Abertura 

A abertura da 2ª Edição do evento Chá com Elas contou com a presença da presidente do TRT-14 e diretora da Ejud-14, desembargadora Maria Cesarineide de Souza Lima, que lembrou a luta feminina ao longo dos anos pela igualdade de gênero. “A discriminação contra a mulher acontece dentro e fora do trabalho. Nos bancos acadêmicos; nas pesquisas científicas; nas ruas; nas igrejas; entre outros”. 

Cesarineide  destacou ainda que a educação é o melhor caminho para a superação das desigualdades. “Devemos subir de modo a garantir que nossas irmãs subam conosco; todas, sem distinção de raça; origem; credo; identidade de gênero. A conquista de uma implica a conquista de todas. E a dor de uma implica a dor de todas”, acentuou.

O presidente da Amatra-14, José Carlos Hadad, parabenizou a Ejud-14 pela iniciativa e reforçou a importância em abordar os dilemas que estão envoltos na desigualdade de gênero e principalmente sobre a luta das mulheres para serem vistas e tratadas com igualdade. “A minha mensagem é destinada aos homens maridos, filhos, irmãos, colegas de trabalho, que que amam e admiram as mulheres à sua volta. Precisamos lutar contra o preconceito estrutural e aproveitar este momento de debate para nos afastarmos de ações, que mesmo inconsciente nos levam a discriminar as mulheres em nossa sociedade”, conclamou. 

Programação 
 
A programação terá a participação da Walelasoetxeige Suruí, mais conhecida como Txai Suruí, primeira indígena brasileira a discursar na abertura da Conferência da Cúpula do Clima (COP26) da Organização das Nações Unidas (ONU), da Malu Jimenez, filósofa feminista que ampliará os debates sobre gordofobia, bem como da Ana Suy, psicanalista e pesquisadora que facilitará os debates sobre maternidade e identidades. 

Na sexta-feira (11), a programação fecha com a contribuição inédita de três juízas afegãs, refugiadas em solo brasileiro, cujos nomes e imagens não foram divulgados por questões de segurança, mas que aceitaram o desafio de relatar as dificuldades da migração forçada e do terrorismo, trazendo na bagagem a memória de um lar despedaçado e, no coração, a esperança de dias melhores. 

O evento será transmitido pela pelo canal da EJUD 14 no Youtube, com exceção da palestra de sexta-feira, que será privativa, somente para inscritos.

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