Nos últimos anos, espaços culturais importantes têm sofrido pelo descaso de gestões públicas e pela descrença no potencial cultural de influenciar diversos aspectos da sociedade. Porém, a paixão pelo café faz com que o Museu do Café, na cidade de Santos, litoral paulista, sobreviva e preserve memórias de um período fundamental na construção do país.

O Museu do Café fica na região central, próximo à rodoviária e à região do Valongo, que concentra galpões e diversas outras memórias materiais sobre a função da cidade no crescimento do país. Se você já visitou o CCBB em São Paulo, vai encontrar muitas semelhanças físicas entre os locais.

A seguir você conhece um pouco mais sobre esse espaço cultural tão importante e confere dicas de como fazer uma visita completa e super educativa ao local.

De instituição financeira a ícone cultural na cidade

Fundada em 1917, a Bolsa do Café executava suas funções em um local próximo à rua do Comércio em Santos, em um prédio que pouco tinha a ver com o imponente museu de hoje em dia. A elite cafeeira paulista da época precisava estabelecer uma imagem de contribuição para o crescimento do país, e a arquitetura foi um dos principais meios de demonstração dessa riqueza.

Em 1922, inaugura-se o Palácio da Bolsa Oficial de Café, idealizado por Benedito Calixto. Desde a entrada é possível reconhecer a riqueza de detalhes e os significados por trás de cada peça, estrategicamente pensados para refletir ao restante do Brasil os feitos econômicos da produção de café em São Paulo.

Salão do Pregão

Lembrando um cenário de julgamento em filmes e séries criminais, o Salão do Pregão guarda artefatos essenciais para entendermos como era a rotina de uso do espaço na época. 

Cerca de 70 cadeiras formam o círculo no centro do salão, onde os corretores de café realizavam as negociações para o restante do país. Na ponta do círculo fica a mesa que era utilizada pelo presidente da Bolsa e seus convidados, talhada em madeira maciça.

O mezanino foi construído com arcos, que permitem uma visão panorâmica da sala da parte superior.

Bonde Café

O Bonde Café integra a programação do museu desde 2015, inaugurado para a comemoração do aniversário de 469 anos da cidade de Santos. O bondinho sai da Estação do Valongo, que fica próxima ao museu, e faz um percurso pelos principais locais utilizados pela elite cafeeira no período.

O bonde foi todo equipado para oferecer maior conforto e acessibilidade para os visitantes, com monitores transmitindo informações sobre cada local visitado.

Exposições, pesquisa e cafeteria

Com um espaço tão amplo, foi possível criar diferentes ambientes de convivência e de uso dos pesquisadores, permitindo o desenvolvimento de importantes trabalhos de preservação e estudos sobre a história do café na cidade.

As exposições que o museu abriga trazem abordagens sobre a história local e sua relação com os acontecimentos econômicos no país. Os programas contam com visitas agendadas e atividades especiais conforme a programação de cada mostra.

E, como não poderia ser diferente, o museu abriga uma cafeteria para consumo, com mobiliário de madeira. O local apresenta números surpreendentes: cerca de 600 pessoas por dia visitam o espaço.

A cafeteria do Museu do Café já foi premiada diversas vezes pela qualidade do café servido, fazendo jus à história do local e à função da bebida no contexto nacional.

Para os mais interessados no tema, o Museu do Café costuma realizar diversas atividades externas e integradas com a cidade, como é o caso do Festival Valongo, que trouxe exposições e diferentes atividades fotográficas ao público e ampliou o número de visitantes no local durante sua execução.