Na véspera do 31 de março, Bolsonaro chega para tumultuar o Brasil
"A meta é sabotar toda hipótese de independência e esforço de desenvolvimento", escreve Paulo Moreira Leite
Ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro (Foto: Mídia Ninja)
Jair Bolsonaro retorna hoje ao Brasil com bagagem de contrabandista, amigos dispersos, aliados em fuga e uma prioridade principal – atrapalhar a reconstrução do Brasil e impedir a consolidação do governo Lula como alternativa durável de poder.
Versão atualizada das manjadas malas de dinheiro que serviram de instrumento convencional à corrupção política, os diamantes já descobertos – e outros tesouros preciosos que podem aparecer – servirão como desmoralização e prova perene de crimes que prometiam impunidade eterna à corrupção conhecida desde a idade das cavernas.
Sua origem precisa ser esclarecida e seus intermediários, identificados, ajudando a identificar e rastrear toneladas de roubalheira, revelando ladrões novos à velha confraria de criminosos conhecidos.
Neste retorno com o rabo entre as pernas, Bolsonaro chega ao Brasil para dar continuidade ao mesmo projeto destrutivo que orientou sua permanência ao Planalto.
A meta é sabotar toda hipótese de independência e esforço de desenvolvimento, reforçando a dominação externa sobre o país que hospeda um dos principais potenciais – econômicos, políticos, sociais, culturais – do Hemisfério Sul.
Este movimento ensina que os próximos quatro anos com Lula podem constituir um período ainda mais decisivo na história do país – e de uma parcela significativa da evolução da humanidade, mais do que nunca ameaçada por um sistema global de miséria econômica e opressão política.
Vencido em dois turnos pela vontade soberana de brasileiras e brasileiros, Bolsonaro desembarca com atraso e dependência na bagagem. Não por acaso seu retorno ilustra a vergonha de 31 de março, marco da ditadura militar instituída em 1964.
É o começo de uma provocação ao regime democrático.
Alguma dúvida?
Paulo Moreira Leite é colunista do 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA
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