Palitot propõe Bloco Pirarucu do Madeira como Patrimônio Cultural Imaterial

“Não sou só folião do bloco, mas cidadão que reconhece a importância de um bloco com três décadas de fundação sem mudar sua essência: sem finalidade lucrativa e democrático”, disse Palitot

Blog Luciana Oliveira
Publicada em 19 de janeiro de 2023 às 14:18
Palitot propõe Bloco Pirarucu do Madeira como Patrimônio Cultural Imaterial

Foi apresentado nesta quinta-feira, 19, o projeto de lei 4428/2023, de autoria do vereador Aleks Palitot, que declara a Associação Cultural Pirarucu do Madeira como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do município de Porto Velho.

“Não sou só folião do bloco, mas cidadão que reconhece a importância de um bloco com três décadas de fundação sem mudar sua essência: sem finalidade lucrativa e democrático”, disse Palitot. 

Ele fará a leitura do projeto na próxima sessão e a votação ocorrerá na seguinte. 

A perspectiva é de que o projeto seja aprovado a tempo de ser anunciado no desfile marcado para o dia 12 de fevereiro, a partir das 17 hs, no circuito carnavalesco da Pinheiro Machado. 

O bloco não vende nada e proporciona folia para todos e todas, sem cordas, sem abadás e com marchinhas e frevos próprios e tradicionais. 

“Nos alegra o reconhecimento, principalmente pela iniciativa partir de um vereador que também é folião, pois o bloco Pirarucu do Madeira existe pelo folião e para o folião”, disse Ernande Segismundo, presidente do bloco.

Histórico do Bloco

Bloco das Cores e Fantasias PIRARUCU DO MADEIRA

O carnaval brasileiro é a maior manifestação de cultura popular do mundo. Não existe nenhuma outra festa popular no planeta que se compare minimamente com o carnaval brasileiro. Carnaval há no mundo inteiro, mas são festas localizadas, como em Veneza – Itália, Colônia – Alemanha, Cádiz – Espanha, Oruro – Bolívia, Barranquilla – Colômbia, Toronto -Canadá e Nova Orleans – EUA

Mas, um país inteiro parar por cinco dias para festejar o reinado de Momo, aí é só no Brasil. Mas não existe em nosso País apenas um carnaval, mas várias e múltiplas manifestações de raiz, que representam complexas estruturas estilizadas e ritimizadas, operacionalizadas por pessoas que pertencem aos grotões urbanos e rurais do País.

A passarela do samba carioca, o trio elétrico baiano e Olinda são apenas a face mais vistosa do nosso Carnaval. Na cidade do Rio de Janeiro, de Salvador e Recife-Olinda existem inúmeras manifestações carnavalescas populares que não saem na TV e pelas quais a grande mídia não se interessa.

O mesmo ocorre em nossa cidade, onde o povo portovelhense sempre soube fazer o melhor e mais animado carnaval da Amazônia. Já tivemos aqui época dos grandes carnavais, com figuras que simbolizaram a organização momesca popular, como Leônidas Bola Sete, Periquito, Marise Castiel, Valdemar Cachorro, etc. e seus blocos e escolas de samba como O Triângulo não Morreu, Os Diplomatas do Samba, Os Pobres do Caiari, Bloco do Sujo, Bloco do Cobra, etc.

Depois chegou o carnaval global humilhando a tudo e a todos, desencorajando as pessoas a persistir na sua humilde festa popular, diante das apresentações apoteóticas das escolas de samba na televisão. Pior ainda quando veio a onda pasteurizada do “axé music”, onde a grande festa popular dividiu o povo entre os que “tem” e os “não tem”, através de uma corda excludente e um “abadá” mais excludente ainda.

Nesse contexto, um grupo de foliões liderados pelo advogado Ernande Segismundo criou no ano de 1993 o Bloco das Cores e Fantasias Pirarucu do Madeira, que desfilou em 1993, 1994 e 1995, com a proposta de um carnaval popular de raiz, sem corda, sem “abadá”, mas com muita fantasia.

Pirarucu do Madeira foi inspirado no Bloco Bacalhau do Batata que desce as ladeiras de Olinda-PE na quarta-feira de cinzas, concentrando no alto do largo da Igreja da Sé as 6h00 com uma enorme panela de mugunzá (mingau de milho branco) antes de iniciar o cortejo.

De acordo com Ernande Segismundo, ele já havia passado vários carnavais em Recife e Olinda e para não ter que retornar todo ano àquela magnífica festa popular na base de frevo, maracatu e ciranda ele resolveu criar uma pequena representação do frevo pernambucano em Porto Velho. Assim nasceu o Bloco das Cores e Fantasias Pirarucu do Madeira, lançado no dia 12.02.1993 na Taba do Cacique.

A agremiação carnavalesca possui rigorosa documentação de sua história, desde as primeiras matérias jornalísticas que anunciaram o Baile de Lançamento assim como o primeiro desfile do Bloco, que foram veiculados nos jornais O Alto MadeiraO Estadão do Note, Coluna do saudoso Sérgio Valente e até no jornal Folha de São Paulo.

Após nove anos sem sair, hibernando no majestoso Lago do Cuniã, o Pirarucu do Madeira resolveu voltar a desfilar no carnaval de Porto Velho, com a mesma proposta de carnaval livre e desimpedido.

E neste ano de 2023 o Bloco das Cores e Fantasias Pirarucu do Madeira completa 30 anos de atividades, com muita alegria, cores e fantasia, para homenagear o nosso carnaval popular. O carnaval do tempo dos carnavais, em memória de nossos legendários heróis da festa momesca, invocando todos os espíritos da nossa imensa floresta para nos proteger nesse reinado.

Pela primeira vez o Pirarucu do Madeira realizará dois ensaios, cujas Prévias serão no próximo dia 27 de janeiro e 03 de fevereiro no Bar do Calixto com animação da Banda Poraquê.

E no dia 12 de fevereiro acontecerá o desfile do Bloco no Circuito Caiari, saindo da Av. Pinheiro Machado esquina com a Rua Rogério Weber, seguindo pela Av. Pinheiro Machado até virar à direita na Rua Joaquim Nabuco até virar à direita na Av. Carlos Gomes, encerrando as atividades na Praça das Três Marias.

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