Senadores condenam assassinato de dirigente do PT em Foz do Iguaçu (PR)
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco afirmou que a morte “é a materialização da intolerância política que permeia o Brasil atual e nos mostra, da pior forma possível, como é viver na barbárie”
Marcelo foi morto em sua festa de 50 anos, com a temática do candidato Lula
O assassinato do guarda municipal e dirigente municipal do PT Marcelo Aloizio de Arruda, durante a comemoração no sábado (9) dos seus 50 anos em Foz do Iguaçu (PR), em festa com a temática do candidato Lula, ensejou manifestação de boa parte dos senadores nas redes sociais. Ele foi morto a tiros pelo pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, que se declara apoiador do presidente Jair Bolsolnaro. Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco afirmou que a morte “é a materialização da intolerância política que permeia o Brasil atual e nos mostra, da pior forma possível, como é viver na barbárie”.
— Devemos todos, especialmente os líderes políticos, lutar para combater este ódio, que vai contra os princípios básicos da vida em família, em sociedade e em uma democracia. A convivência com o contraditório deve ser mais do que respeitada. Deve ser preservada e estimulada, pois é dessa forma que podemos, por meio de diálogo e busca de consensos, evoluir para um país melhor — expôs Pacheco no Twitter.
Líder da Minoria no Senado, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) enfatizou que os fatos ocorridos em Foz do Iguaçu não podem ser normalizados e que a “violência é um câncer que deve ser abatido antes que seja tarde demais”.
— Faltam menos de 90 dias para as eleições e já assistimos a várias manifestações de violência com motivações políticas. Drones e bombas foram usados contra comícios do presidente Lula. Agora, um jovem dirigente do PT foi abatido a tios na sua festa de aniversário por um fanático. Precisamos de respostas vigorosas contra esse tipo de coisa. A democracia está sendo atacada — disse Jean Paul.
Flávio Bolsonaro (PL-RJ) repudiou nas redes sociais o atentado contra a vida do guarda municipal, o que classificou como um ato isolado e irresponsável.
— Não somos assim, não precisamos de mais “Adélios”, não podemos e não vamos nos igualar à esquerda — afirmou o líder do PL no Senado.
Pré-candidata à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi enfática ao afirmar que “adversário não é inimigo”. Para a parlamentar, esse assassinato faz soar o alerta definitivo.
— Não podemos admitir demonstrações de intolerância, ódio e violência política. Tenho certeza que nós, brasileiros, temos todas as condições de encontrar um caminho de paz, harmonia, respeito, amor e dignidade humana para reconstruir o Brasil.
Líder do Podemos, o senador Alvaro Dias (PR) também condenou a violência e a tragédia ocorrida em seu estado. Para ele, “a disputa política não deve ser o confronto da insanidade”.
Com a #nãoàviolência, a senadora Leila Barros (PDT-DF) disse que as divergências têm que ser resolvidas pelo diálogo e a negociação.
— É assim que funciona em uma democracia. Que as forças policiais e a Justiça cumpram o seu papel de esclarecer esse caso e punir com o rigor da lei os responsáveis.
Justiça por Marcelo Arruda também foi pedida nas redes sociais pelo líder do PT no Senado, senador Paulo Rocha (PA). Ele enfatizou que "não precisamos de ameaça ou ódio", mas de construção, paz e solidariedade.
Já o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que ainda esta semana vai propor representação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para responsabilizar Jair Bolsonaro por discursos de ódio e incitação à violência.
— Instituições, candidatos e partidos comprometidos com a democracia têm a obrigação de reagir ao avançar da barbárie bolsonarista.
Homicídio qualificado
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou nesta segunda-feira (11) projeto de lei para tornar qualificado o homicídio cometido por motivo de ideologia, intolerância ou inconformismo político, ou que tenha com objetivo interferir no processo político eleitoral ou de impedir o livre exercício de mandato eletivo.
Humberto pretende conversar ainda nesta segunda com o presidente Rodrigo Pacheco para pedir urgência na tramitação da matéria. Para o parlamentar, é premente a necessidade de salvaguardar o ambiente democrático, bem como demonstrar o firme compromisso do Estado brasileiro em assegurar um ambiente sadio para a realização de eleições.
“A prática de homicídio cometido por razões políticas, além de atentar contra o bem jurídico mais relevante tutelado pelo Estado, qual seja a vida, representa ainda uma grave ameaça à democracia, valor sobre o qual se fundamenta a nossa República e interessa indistintamente a todos”, justifica o senador.
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