Um tirano, mas podem chamá-lo de 'despreparado'
"Já tivemos presidentes despreparados, mas nenhum comportou-se diuturnamente como destruidor da imagem da nação perante o mundo", diz Paulo Henrique Arantes
Jair Bolsonaro durante evento no Palácio do Planalto (Foto: ADRIANO MACHADO/ Reuters)
Lemos na imprensa que os marqueteiros do PT querem pespegar em Bolsonaro a pecha de despreparado. Eleitores não gostam de governantes despreparados. Pode ser. Profissionais do marketing político costumam sacar eficazes armas eleitorais, mas, cá entre os mortais, despreparo é defeito pueril para alguém que comete um crime a cada vez que abre a boca.
Já tivemos presidentes despreparados, mas nenhum deles comportou-se diuturnamente como destruidor da imagem da nação perante o mundo. Alguns, humildemente conscientes do seu despreparo, souberam cercar-se de bons assessores e tocar o barco brasileiro. Itamar Franco é um exemplo.
Jair Bolsonaro é despreparado para a vida em sociedade, não apenas para governar. A miséria conceitual dos seus argumentos é de corar um estudante ginasial. Seus atos botam o próprio governo em polvorosa, sua empatia é zero, suas intenções são sempre destrutivas. É incapaz de um gesto solidário a quem quer que seja.
Mau militar, mau parlamentar, mau brasileiro, Bolsonaro envergonha, mais cedo ou mais tarde, todos que a ele se aliam. Ninguém abraça-o politicamente por admiração, respeito ou afinidade ideológica - só por dinheiro. Presidente da Câmara, o vergonhoso Arthur Lira veste a camisa do governo em troca do Orçamento.
Muito mais que despreparado, Jair Bolsonaro é infame. De seu governo nada se dirá de positivo. Dele e de seus ministros a História nada terá a mostrar de realizações, a não ser as deletérias: maior inflação dos últimos 30 anos, volta do país ao mapa da fome, aumento exponencial do desmatamento, avanço do garimpo e do comercio de madeira ilegais, desmantelamento de órgãos de Estado historicamente eficientes, desprezo por indígenas, negros e mulheres, sucateamento das universidades federais.
A conduta de Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19 tem potencial para levá-lo ao topo do ranking das bestas que desgraçaram a humanidade ao longo da História - um Herodes do Século XXI.
Com tudo isso, fora as suspeitas de corrupção e os ataques frontais à Constituição e a tudo que lembre democracia, marqueteiros descobriram que chamá-lo de “despreparado” é o que lhe tirará mais votos. Gente doida
Paulo Henrique Arantes
Jornalista, com mais de 30 anos de experiência nas áreas de política, justiça e saúde.
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